
A hipófise, também chamada de glândula pituitária, é uma das estruturas mais importantes do nosso corpo — mesmo sendo pequena, ela controla uma série de funções vitais por meio da produção de hormônios.
Apesar de ser pouco conhecida pela maioria das pessoas, problemas na hipófise podem afetar o crescimento, o peso, a menstruação, a fertilidade, a tireoide, o cortisol e até a produção de leite.
Neste artigo, você vai entender:
- O que é a hipófise e onde ela fica
- Para que ela serve
- Quais hormônios ela produz
- O que pode dar errado com a hipófise
- Como saber se a sua hipófise está funcionando bem
- Quando procurar um endocrinologista
Quem é a dra. Camila Macêdo?

A Dra. Camila é endocrinologista, especialidade que atua cuidado de pacientes com doenças relacionadas à hipófise.
Ela é endocrinologista formada pela UFRN, com mais de seis anos de experiência médica. Realizou residência em Endocrinologia e Metabologia pela USP e tem título de especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Além do consultório, atua também como preceptora, ajudando na formação de novos médicos. É médica pesquisadora, acompanhando o desenvolvimento de novas medicações.
Na consulta médica, é feita uma análise detalhada dos seus sintomas, histórico familiar, uso de medicamentos, exames anteriores e queixas clínicas.
A avaliação inclui dados do exame físico e, se necessário, a solicitação de exames laboratoriais e de imagem.
Com base nessas informações, é elaborado um plano de tratamento personalizado — que pode envolver uso de medicações, acompanhamento periódico ou investigação mais aprofundada, conforme o caso.
Mas acreditamos que a medicina de verdade vai além dos exames e medicamentos. Ela não se baseia em promessas milagrosas — porque elas não existem. O verdadeiro cuidado é feito com escuta, atenção e planejamento.
É entender como você está hoje e traçar juntos o caminho para: tratar seus problemas de saúde, prevenir doenças futuras, ter hábitos mais saudáveis, envelhecer com saúde e autonomia.
Tudo isso para que você viva mais e com mais qualidade de vida: passar tempo com quem ama, se sentir bem no seu corpo, se dedicar ao trabalho ou simplesmente fazer o que te faz feliz.
Avaliações de pacientes:



O que é a hipófise?
A hipófise é uma glândula do sistema endócrino, que tem o papel de coordenar a liberação de vários hormônios no corpo. Ela mede cerca de 1 cm e está localizada na base do cérebro, em uma região chamada sela túrcica, bem atrás dos olhos.
Já ouviu falar do filme da Disney que se chama “Divertidamente”?

Apesar do seu tamanho pequeno, a hipófise é conhecida como “glândula mestra” porque ela é a “central de controle” que comanda outras glândulas do corpo, como a tireoide, as suprarrenais e os ovários/testículos.

Para que serve a hipófise?
A principal função da hipófise é produzir e liberar hormônios que regulam o funcionamento de outras glândulas e tecidos. Esses hormônios controlam o crescimento, o metabolismo, a reprodução, a produção de leite, a resposta ao estresse, entre outras funções.
Ela atua como um “centro de comando hormonal”, recebendo sinais do cérebro (mais especificamente do hipotálamo) e liberando os hormônios conforme a necessidade do organismo.
Quais hormônios a hipófise produz?
A hipófise é dividida em duas partes: anterior (adeno-hipófise) e posterior (neuro-hipófise). Cada uma tem funções específicas:
Adeno-hipófise (parte anterior)
Produz os principais hormônios reguladores:
- TSH (hormônio estimulante da tireoide): estimula a tireoide a produzir T3 e T4
- ACTH (hormônio adrenocorticotrófico): estimula as glândulas suprarrenais a produzir cortisol
- LH e FSH (hormônios gonadotróficos): regulam ovulação, menstruação e produção de testosterona
- GH (hormônio do crescimento): estimula o crescimento e regula o metabolismo
- PRL (prolactina): estimula a produção de leite nas mulheres que amamentam
Neuro-hipófise (parte posterior)
Armazena e libera hormônios produzidos no hipotálamo:
- ADH (hormônio antidiurético): controla o equilíbrio da água no corpo e a urina
- Ocitocina: atua no parto e na liberação do leite
Glândula/Órgão | Hormônio(s) Produzido(s) | Função Principal dos Hormônios | |
Hipotálamo | TRH, CRH, GHRH, GnRH, dopamina | Controla a quantidade de hormônios produzidos pela hipófise TRH -> TSHCRH -> ACTHGHRH -> GHGnRH -> LH e FSHDopamina -> Prolactina | |
Hipófise | Anterior | TSH | Controla a produção de hormônios pela tireoide |
ACTH | Controla a produção de hormônios pela adrenal | ||
GH | Hormônio do crescimento | ||
LH e FSH | Estimulam os ovários ou testículos a produzir estrogênio, progesterona ou testosterona | ||
Prolactina | Produção de leite nas mamas | ||
Posterior | Vasopressina (ADH) | Controla a quantidade de água que perdemos pela urina | |
Ocitocina | Contração do útero |
O que a hipófise regula no corpo?
A hipófise regula praticamente todos os sistemas hormonais do corpo, de forma direta ou indireta. Entre os principais processos que ela comanda, estão:
- Crescimento e desenvolvimento
- Controle da tireoide
- Ciclo menstrual e ovulação
- Produção de testosterona
- Produção de leite
- Resposta ao estresse (via cortisol)
- Equilíbrio da água e do sal no corpo
É por isso que problemas na hipófise podem causar sintomas muito variados, como alterações no peso, infertilidade, cansaço, menstruação irregular, entre outros.
Quais doenças podem afetar a hipófise?
A hipófise pode ser afetada por alterações funcionais (produção de hormônio de mais ou de menos) ou por lesões físicas (como tumores).
As condições mais comuns são:
- Incidentaloma da hipófise: achado de alteração da hipófise em exame de imagem (tomografia ou ressonância) da cabeça feito para investigar outro problema
- Adenoma de hipófise: tumor benigno que pode ser funcional (produz hormônios em excesso) ou não funcional
- Hiperprolactinemia: aumento da prolactina, que pode causar ausência de menstruação e saída de leite
- Gigantismo ou Acromegalia: produção excessiva de GH (hormônio do crescimento), causando crescimento exagerado de mãos, pés e face
- Doença de Cushing: excesso de ACTH, levando à produção exagerada de cortisol
- Hipopituitarismo: quando a hipófise não consegue mais produzir um ou mais hormônios
- Deficiência de vasopressina: deficiência de ADH, causando sede intensa e urina em excesso e alterações do sódio no sangue
Como saber se minha hipófise está funcionando bem?
Muitas vezes, alterações da hipófise passam despercebidas por anos, pois os sintomas podem ser leves ou confundidos com outras condições.
Você deve investigar a função da hipófise se apresenta:
- Menstruação irregular ou ausência de menstruação
- Infertilidade sem causa aparente
- Produção de leite fora do período de amamentação
- Cansaço extremo, ganho ou perda de peso inexplicável
- Mudanças no crescimento ou nas feições
- Alterações visuais (em tumores grandes, pode haver compressão do nervo óptico)
A investigação é feita com exames hormonais e, se necessário, ressonância magnética da hipófise. A avaliação completa deve ser feita por um endocrinologista.
Os exames da hipófise não devem ser realizados de rotina ou como check-up – apenas se houver algum sintoma ou problema de saúde que justifique a investigação.
Apareceu um nódulo na minha hipófise. O que isso significa?
O termo incidentaloma hipofisário se refere a um nódulo ou massa na hipófise que foi encontrado por acaso, geralmente durante uma ressonância magnética ou tomografia feita por outro motivo (como dor de cabeça ou avaliação neurológica).
Esses achados são mais comuns do que se imagina. Estudos mostram que até 10% da população pode ter um pequeno adenoma hipofisário sem apresentar sintomas.
A maioria dos incidentalomas é formada por adenomas hipofisários.
Outras causas de incidentaloma hipofisário incluem:
- Causas vasculares, como aneurismas da artéria carótida próximos à sela túrcica
- Adenomas hipofisários funcionantes em fase inicial, tumores benignos que ainda não causaram sintomas (como prolactinomas ou adenomas secretores de ACTH ou GH)
- Adenomas hipofisários não funcionantes: tumores benignos que não produzem hormônios
- Cistos da bolsa de Rathke: lesões benignas com conteúdo líquido, geralmente assintomáticas
- Craniofaringiomas: tumores benignos, mais raros, que podem ocorrer em crianças e adultos jovens
- Meningiomas ou outras lesões de origem não hipofisária, mas próximas à hipófise
- Metástases (muito raro): tumores de outros órgãos que se espalharam para a região da hipófise
- Inflamações ou infecções (hipofisite): podem causar aumento transitório da glândula

O que é adenoma da hipófise?
O termo adenoma de hipófise se refere a um tumor benigno.
Os adenomas são relativamente comuns e, na maioria dos casos, crescem lentamente e não oferecem risco de vida. Eles podem ser classificados em dois grupos:
- Funcionantes: quando produzem hormônios em excesso.
- Não funcionantes: quando não produzem hormônios, mas podem causar sintomas se crescerem e apertarem estruturas ao redor, como os nervos dos olhos.
Apenas exames de imagem (como a ressonância magnética da sela túrcica) não são suficientes para definir o impacto do nódulo. É essencial fazer uma avaliação hormonal completa com exames de sangue específicos, além de acompanhamento com um endocrinologista.
Em muitos casos, o tratamento pode ser feito com medicação e monitoramento clínico periódico, sem necessidade de cirurgia.
Se você recebeu esse diagnóstico, não precisa entrar em pânico — mas é importante procurar orientação médica especializada para entender seu caso com clareza e segurança.
O que é hipofisite?
Hipofisite é uma condição rara, que acontece quando há uma inflamação na glândula hipófise.
Ela pode ter diversas causas: autoimunes (quando o próprio corpo ataca a hipófise), por infecções ou até como efeito colateral de alguns medicamentos, como imunoterapias usadas no tratamento do câncer.
Essa inflamação pode fazer a hipófise aumentar de tamanho e causar sintomas como dor de cabeça, visão embaçada, cansaço, baixa dos hormônios e, em alguns casos, sede excessiva com urina em grande volume.
Na maioria dos casos, o diagnóstico é feito com exames de imagem e dosagens hormonais, e o tratamento pode incluir corticoides ou reposição dos hormônios que a hipófise parou de produzir.
Como tratar os problemas da hipófise?
O tratamento depende do diagnóstico. Alguns distúrbios podem ser controlados apenas com medicamentos hormonais, enquanto outros exigem cirurgia ou acompanhamento contínuo.
Casos como hipopituitarismo (deficiência de todos os hormônios da hipófise) requerem reposição hormonal vitalícia, com monitoramento regular. Já adenomas funcionantes, como prolactinomas, muitas vezes são tratados com remédios via oral que reduzem a produção hormonal e o tamanho do tumor. Em alguns casos, pode ser necessária uma cirurgia para controlar a doença.
O acompanhamento com endocrinologista é essencial para avaliar cada caso, ajustar doses de hormônio e acompanhar a evolução clínica.
Hipófise e fertilidade: qual a relação?
A hipófise é fundamental para a fertilidade, tanto em homens quanto em mulheres. Ela regula os hormônios LH e FSH, que controlam o ciclo menstrual, a ovulação e a produção de espermatozoides. Além disso, alterações da prolactina impactam os níveis de LH e FSH, e por isso também afetam a produção de hormônios sexuais.
Alterações nesses hormônios podem causar:
- Infertilidade
- Ausência de ovulação
- Redução da libido
- Baixa produção de esperma
Por isso, homens ou mulheres com infertilidade ou alterações menstruais devem sempre investigar a função da hipófise, especialmente se houver associação com outros sintomas hormonais.

Você tem alteração na hipófise?
Agende uma consulta com a Dra. Camila ou com um médico endocrinologista da sua confiança para uma avaliação mais precisa e segura.
Nota: Este artigo foi escrito em uma linguagem simples e acessível para proporcionar uma leitura mais clara e agradável para quem não é da área da saúde. Também é importante lembrar que cada pessoa é única, e apenas uma consulta médica pode avaliar seu caso de forma individualizada e definir se há necessidade de exames, diagnósticos ou tratamentos específicos. Não substitua a avaliação de um profissional especializado.
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Referências:
Diagnosis and Management of Pituitary Adenomas: A Review
Pituitary Incidentalomas: Best Practices and Looking Ahead