Dra. Camila Macêdo – Endocrinologista em São Paulo

Palavra diabetes com açúcar ao redor

Por que entender o diabetes é tão importante

O diabetes mellitus é uma das doenças crônicas mais comuns no mundo.
Milhões de pessoas convivem com a condição — muitas vezes sem nem saber que têm.

Apesar de ser muito falado, o diabetes ainda gera dúvidas:

  • É uma doença causada só por açúcar?
  • Tem cura?
  • Quem tem diabetes pode viver normalmente?

Neste artigo, você vai entender de forma clara e direta:

  • O que é o diabetes mellitus
  • Os tipos de diabetes
  • Sintomas e sinais de alerta
  • Complicações e riscos
  • Como prevenir e controlar a doença

Vamos juntos descomplicar esse assunto?

Qual o médico que trata diabetes mellitus

Foto da Dra. Camila Macedo

A diabetes merece cuidado especializado — e é exatamente isso que a Dra. Camila oferece.

Médica endocrinologista formada pela UFRN, com residência em Endocrinologia e Metabologia pela USP e título de especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Dra. Camila une conhecimento científico a uma escuta atenta para cuidar de cada paciente de forma única.

Com mais de seis anos de experiência, também atua como preceptora (formando novos médicos) e pesquisadora (acompanhando o surgimento de novas terapias). Isso significa que você será atendido(a) por alguém que alia prática clínica, ensino e ciência em benefício da sua saúde.

Mas, acima de tudo, acredita que a verdadeira medicina vai além dos exames e receitas.

O resultado? Mais tranquilidade, controle e prevenção de doenças, hábitos saudáveis e qualidade de vida para que você possa:

  • Compreender a sua própria saúde
  • Estar presente nos momentos que importam
  • Sentir-se bem no seu corpo
  • Envelhecer com saúde e autonomia

O que dizem os pacientes da Dra. Camila

O que é diabetes mellitus

O diabetes mellitus é uma doença caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose (açúcar) no sangue.

Isso acontece por dois motivos principais:

  • O corpo não produz insulina suficiente, ou
  • O corpo não consegue usar a insulina da forma correta.

Mas afinal, o que é insulina?

A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e que atua em todo o nosso corpo.
Ela age como um “porteiro” que abre a porta e permite que a glicose entre nas células (nos nossos órgãos) e seja usada como energia.

Sem insulina suficiente, ou com resistência à insulina, a glicose se acumula no sangue — causando o diabetes.

Mecanismo de funcionamento da insulina

Tipos de diabetes mellitus

Existem várias formas diferentes de diabetes mellitus, e entender cada uma é fundamental.

Diabetes tipo 1

  • Causa: o sistema imunológico ataca as células do pâncreas que produzem insulina.
  • Geralmente aparece na infância ou adolescência.
  • A pessoa precisa usar insulina diariamente.
  • Não tem relação com hábitos de vida.

Diabetes tipo 2

  • É o tipo mais comum.
  • O corpo produz insulina, mas ela não age direito (resistência à insulina).
  • Está relacionado a fatores genéticos e ao estilo de vida (como excesso de peso e sedentarismo).
  • Pode ser controlado com alimentação, exercícios, medicamentos e, às vezes, insulina.

Diabetes gestacional

  • Ocorre durante a gravidez.
  • Costuma desaparecer após o parto, mas aumenta o risco de diabetes tipo 2 no futuro.
  • Requer acompanhamento rigoroso para proteger mãe e bebê.

Diabetes genético

  • Aparece desde a infância ou início da vida adulta.
  • Geralmente vemos muitas pessoas com diabetes na mesma família.
  • Pode ser leve ou mais grave dependendo do gene acometido.

Outros

  • Lipodistrofias: doenças do tecido gorduroso que causam resistência à ação da insulina.
  • Medicamentos: alguns medicamentos podem aumentar os níveis de açúcar no sangue.
  • Doenças do pâncreas: remoção do pâncreas, tumor no pâncreas, fibrose cística – se o pâncreas não funciona corretamente, a produção de insulina também pode ficar prejudicada.
  • Alterações hormonais: alguns hormônios podem aumentar os níveis de açúcar no sangue – doença de Cushing (excesso de cortisol), feocromocitoma (excesso de adrenalina) e acromegalia ou gigantismo (excesso de hormônio do crescimento).

Quais são os sintomas do diabetes?

Muitas pessoas com diabetes tipo 2 não apresentam sintomas no início.
Por isso, o diagnóstico pode demorar — e o risco de complicações aumenta.

Os principais sinais de alerta são:

  • Sede excessiva
  • Urinar muitas vezes
  • Fome exagerada
  • Perda de peso inexplicada
  • Visão embaçada
  • Infecções frequentes (como infecções urinárias ou de pele)

Atenção: Se você tem esses sintomas, procure um médico para fazer os exames adequados.

Como o diabetes afeta o corpo

Quando o diabetes não é controlado, o excesso de açúcar no sangue danifica vasos sanguíneos, nervos e órgãos ao longo do tempo.

As principais complicações do diabetes incluem:

  • Problemas nos rins (nefropatia diabética)
  • Perda da visão (retinopatia diabética)
  • Doenças do coração (como infarto)
  • AVC
  • Pé diabético (feridas que não cicatrizam, falta de circulação sanguínea ou perda da sensibilidade nos pés)
  • Disfunção erétil
  • Dores ou formigamentos nos pés e mãos

Fatores de risco para desenvolver diabetes tipo 2

Você tem risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2 se:

  • Tem histórico familiar de diabetes
  • Está com sobrepeso ou obesidade
  • É sedentário
  • Tem hipertensão ou colesterol alto
  • Já teve diabetes gestacional
  • Tem mais de 45 anos
  • Tem ovários policísticos (SOP)

A boa notícia é que muitos desses fatores são modificáveis com mudanças no estilo de vida.

Como é feito o diagnóstico de diabetes

O diagnóstico é feito com exames de sangue. Os mais comuns são:

Exames para detectar o diabetes:

  • Glicemia de jejum: jejum de 8 horas. Diabetes se ≥ 126 mg/dL.
  • Hemoglobina glicada (HbA1c): mostra a média da glicose dos últimos 3 meses. Diabetes se ≥ 6,5%.
  • Teste de tolerância à glicose (TOTG): indicado em casos específicos.
  • Glicemia aleatória: glicose estiver ≥ 200 mg/dL com sintomas de acúcar alto.

Atenção: Apenas um exame alterado uma vez ainda não é diagnóstico de diabetes. É fundamental sempre repetir o exame de sangue para confirmar o resultado. O ideal é que esses exames sejam solicitados e interpretados por um médico.

Quem precisa fazer exames para diabetes?

Os exames para dar diagnóstico de diabetes devem ser solicitados dependendo do risco que cada pessoa tem de desenvolver a doença. 

Quando falamos em diabetes mellitus do tipo 2, devemos solicitar exames para todas as pessoas a partir dos 35 anos de idade, ou mais cedo caso tenha um risco alto.

Existe uma calculadora que foi desenvolvida pela Sociedade Brasileira de Diabetes para definir qual o seu risco de ter diabetes e o que fazer em cada caso específico. Acesse aqui embaixo:

Meus exames para diabetes vieram normais. A cada quanto tempo preciso repetir?

O tempo para repetir os exames também precisa ser individualizado. Ele vai variar dependendo dos resultados dos exames e do seu risco em ter diabetes. De maneira geral, podem ser repetidos a cada 6 meses, a cada ano ou a cada 3 anos.

O diabetes tem cura?

O diabetes tipo 1, formas de diabetes genéticas ou relacionadas à doenças do pâncreas não tem cura, mas pode ser controlado com insulina e hábitos saudáveis.
O diabetes tipo 2 ou diabetes gestacional também não tem cura definitiva, mas em alguns casos pode entrar em remissão, especialmente com mudanças intensas no estilo de vida.

O que é remissão do diabetes?

É quando a glicose volta ao normal sem uso de medicamentos.
Isso não significa que o diabetes desapareceu, mas que está sob controle.

O acompanhamento contínuo ainda é necessário.

Como controlar o diabetes

Controlar o diabetes é fundamental para evitar complicações e ter qualidade de vida.

As 5 bases do controle do diabetes:

  1. Alimentação saudável
  2. Atividade física regular
  3. Uso correto de medicamentos
  4. Acompanhamento médico regular
  5. Monitoramento da glicose

O plano deve ser individualizado, considerando idade, tipo de diabetes, rotina, outros problemas de saúde, etc.

Pilares para o tratamento do diabetes

O que mudar na alimentação de quem tem diabetes

A alimentação é uma parte essencial do tratamento do diabetes. Ela ajuda a manter a glicose estável e evita picos de açúcar no sangue.

Veja algumas orientações práticas:

O que incluir na alimentação:

  • Fontes de fibras: fazem o açúcar ser absorvido de forma mais lenta pelo corpo
    • Verduras e legumes em todas as refeições
    • Frutas (com moderação e com casca, quando possível)
    • Grãos integrais (arroz integral, aveia, quinoa)
    • Leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico)
  • Oleaginosas (nozes, castanhas – em pequenas quantidades)
  • Proteínas magras (frango, peixe, ovos)
  • Água (muita água!)

O que evitar ou reduzir:

  • Açúcar refinado e doces
  • Refrigerantes e sucos industrializados
  • Produtos ultraprocessados (biscoitos, salgadinhos, embutidos)
  • Pão branco, arroz branco, massas comuns
  • Excesso de gordura saturada

Dicas importantes:

  • Sempre inclua proteínas e fibras nas suas refeições – o carboidrato deve ser apenas um dos componentes do seu prato, incluindo sempre também proteínas, leguminosas, verduras e folhas
  • Evite bebidas que contém açúcar (mesmo sucos naturais)
  • Leia os rótulos dos alimentos
  • Quando for consumir algum doce: se atente à quantidade e prefira sempre ingerir após alguma refeição

Consultar uma nutricionista pode ajudar a montar um cardápio equilibrado e personalizado.

Como reconhecer o que tem açúcar nos alimentos

Usamos o termo “açúcar” como sinônimo de “glicose”, mas ela não está presente apenas em alimentos doces. A glicose está presente nos alimentos do grupo dos carboidratos.

Além disso, nem sempre o açúcar aparece com esse nome no rótulo dos alimentos. Muitas vezes, ele está “escondido” com outros nomes ou em produtos que parecem saudáveis.

Opções de carboidratos

Nomes comuns de açúcar nos rótulos:

  • Sacarose
  • Glicose
  • Frutose
  • Maltodextrina
  • Mel
  • Xarope de milho
  • Açúcar invertido
  • Dextrose

Se você encontrar um desses nomes entre os primeiros ingredientes da lista, o produto tem muito açúcar.

Alimentos que parecem saudáveis, mas costumam ter açúcar:

  • Barrinhas de cereal
  • Iogurtes “light” ou “fit”
  • Granolas industrializadas
  • Molhos prontos (ketchup, molho barbecue)
  • Sucos de caixinha
  • Cereais matinais

Dica: Prefira alimentos in natura ou minimamente processados. Se comprar algum alimento industrializado, escolha os que tem rótulos curtos e sem adição de açúcares.

Qual o melhor exercício para quem tem diabetes?

A prática regular de atividade física é fundamental para controlar o diabetes, melhorar a sensibilidade à insulina e prevenir complicações.

O ideal é combinar dois tipos:

  1. Exercícios aeróbicos
    Caminhada, corrida, bicicleta, dança, natação.
    → Ajudam a reduzir a glicemia e melhorar a saúde cardiovascular.
  2. Exercícios de força (musculação)
    Uso de pesos, elásticos, pilates, exercícios com o próprio corpo.
    → Melhoram o uso da glicose pelos músculos e ajudam no controle do peso.

Frequência recomendada:

  • Pelo menos 150 minutos por semana (ex: 30 minutos por dia, 5x por semana).
  • Sempre com liberação médica, especialmente se houver outras doenças.

Dica: Comece devagar e escolha uma atividade que você goste — isso aumenta as chances de manter o hábito a longo prazo.

Como fazer a monitorização da glicemia

Monitorar a glicose é uma ferramenta essencial para entender como o seu corpo reage aos alimentos, remédios e atividades do dia a dia.

Como medir a glicemia em casa:

  1. Use um glicosímetro (com tiras e lancetas) ou
  2. Um sensor contínuo de glicose (aparelho que é inserido na região posterior do braço e mede a glicose o dia inteiro)
Medição do diabetes com glicosímetro e com sensor de glicose

Quando medir:

A quantidade de vezes que é necessário medir a glicemia varia de caso a caso, dependendo de quão controlada está a doença e também de qual tratamento o paciente está utilizando (se dieta e atividade física ou comprimidos ou insulina). 

Alvo glicêmico comum (pode variar por pessoa):

  • Jejum: entre 70 e 130 mg/dL
  • Pós-refeição: duas horas após a refeição, abaixo de 180 mg/dL

Sempre siga a orientação do seu médico quanto à frequência e metas da glicemia.

Anote os valores e leve para as consultas — isso ajuda o médico a ajustar seu tratamento com mais precisão.

Conhecer o diabetes é o primeiro passo para o controle

O diabetes mellitus é uma doença séria, mas que pode ser controlada.
Quanto mais cedo for diagnosticado e tratado, menores os riscos de complicações. Milhares de pessoas vivem com diabetes de forma plena e saudável, com acompanhamento adequado.

Se você ou alguém da sua família tem fatores de risco, procure um médico endocrinologista.

A prevenção começa com informação. E o cuidado começa com uma atitude.

Tem dúvidas sobre diabetes? Precisa de avaliação ou acompanhamento?

Agende uma consulta com endocrinologista e cuide da sua saúde com quem entende do assunto.

Nota: Este artigo foi escrito em uma linguagem simples e acessível para proporcionar uma leitura mais clara e agradável para quem não é da área da saúde. Também é importante lembrar que cada pessoa é única, e apenas uma consulta médica pode avaliar seu caso de forma individualizada e definir se há necessidade de exames, diagnósticos ou tratamentos específicos. Não substitua a avaliação de um profissional especializado.

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Referências:

American Diabetes Association

Sociedade Brasileira de Diabetes

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