Dra. Camila Macêdo – Endocrinologista em São Paulo

Mulher gestante com diabetes

A gestação é um momento especial e único na vida da mulher, mas também exige cuidados extras com a saúde. Entre as condições que precisam de atenção está o diabetes na gestação — que pode já existir antes da gravidez ou surgir durante esse período.

Neste artigo, vamos explicar:

  • Os diferentes tipos de diabetes que podem acontecer na gestação
  • Como o diabetes afeta a mãe e o bebê
  • Como é feito o diagnóstico
  • O que muda no tratamento durante a gravidez
  • Possíveis riscos e complicações
  • Cuidados no parto e no pós-parto

Quem é a dra. Camila Macêdo?

Foto da Dra. Camila Macedo

A diabetes merece cuidado especializado — e é exatamente isso que a Dra. Camila oferece.

Médica endocrinologista formada pela UFRN, com residência em Endocrinologia e Metabologia pela USP e título de especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Dra. Camila une conhecimento científico a uma escuta atenta para cuidar de cada paciente de forma única.

Com mais de seis anos de experiência, também atua como preceptora (formando novos médicos) e pesquisadora (acompanhando o surgimento de novas terapias). Isso significa que você será atendido(a) por alguém que alia prática clínica, ensino e ciência em benefício da sua saúde.

Mas, acima de tudo, acredita que a verdadeira medicina vai além dos exames e receitas.

O resultado? Mais tranquilidade, controle e prevenção de doenças, hábitos saudáveis e qualidade de vida para que você possa:

  • Compreender a sua própria saúde
  • Estar presente nos momentos que importam
  • Sentir-se bem no seu corpo
  • Envelhecer com saúde e autonomia

O que dizem os pacientes da Dra. Camila

Quais são os tipos de diabetes relacionados com a gestação?

Diabetes e gestação podem se relacionar de diferentes formas.

Existem três situações principais em que o diabetes pode estar presente durante a gravidez:

  1. Diabetes gestacional – surge pela primeira vez durante a gestação e desaparece após o parto na maioria dos casos.
  2. Diabetes tipo 1 na gestação – a mulher já tinha o diagnóstico antes de engravidar. É uma condição autoimune que exige uso de insulina desde o início.
  3. Diabetes tipo 2 na gestação – a mulher já tinha o diagnóstico antes da gravidez, mas pode ou não usar insulina. Está relacionado à resistência à insulina e muitas vezes ao excesso de peso.

Diabetes gestacional: o mais comum na gravidez

O diabetes gestacional (DG) acontece quando o corpo não consegue produzir insulina suficiente para compensar as mudanças hormonais da gravidez, causando aumento da glicose no sangue.

Ele geralmente é descoberto entre a 24ª e a 28ª semana de gestação, através do exame chamado teste oral de tolerância à glicose (TOTG).

O Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) é um exame que avalia como o organismo processa a glicose após a ingestão de uma dose controlada de açúcar – um líquido bem doce.

Fatores de risco incluem:

Diabetes tipo 1 e tipo 2: atenção redobrada na gravidez

Quando a mulher já tem diabetes tipo 1 ou tipo 2 antes de engravidar, os cuidados precisam começar antes mesmo da concepção.

Por que é tão importante?

Manter a glicose bem controlada antes mesmo da concepção reduz o risco de malformações congênitas, abortos espontâneos e complicações no parto.

Principais cuidados incluem:

  • Atingir metas glicêmicas ideais antes de engravidar
  • Ajustar medicamentos (alguns não podem ser usados na gravidez)
  • Uso frequente de insulina, se necessário
  • Monitoramento rigoroso com endocrinologista e obstetra de alto risco

Cuidados antes de engravidar para quem tem diabetes

O ideal é que toda mulher com diabetes tipo 1 ou tipo 2 que deseja engravidar inicie o planejamento da gestação com antecedência. O período antes de engravidar é fundamental para reduzir riscos tanto para a mãe quanto para o bebê.

Isso significa que a paciente deve conversar com o endocrinologista ANTES de suspender os métodos contraceptivos.

Objetivos principais antes de engravidar:

  • Alcançar controle glicêmico rigoroso (hemoglobina glicada o mais próxima possível do normal, idealmente < 6,5%).
  • Revisar medicamentos – alguns remédios para diabetes, pressão alta ou colesterol não podem ser usados na gestação e devem ser substituídos por alternativas seguras.
  • Iniciar suplementação de ácido fólico – preferencialmente 3 meses antes da concepção, para reduzir risco de defeitos do tubo neural.
  • Avaliar presença de complicações do diabetes – exames de fundo de olho, função renal, pressão arterial e saúde cardiovascular.
  • Ajustar o peso corporal – se possível, buscar um peso saudável antes de engravidar para reduzir risco de complicações.
  • Educação em automonitoramento – garantir que a paciente saiba medir a glicose corretamente e ajustar doses de insulina conforme necessidade.

Quais os riscos do açúcar alto durante a gestação?

O excesso de glicose no sangue pode trazer riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. Entre eles:

Para o bebê:

  • Peso excessivo ao nascer (macrossomia)
  • Hipoglicemia neonatal
  • Maior risco de icterícia
  • Maior chance de desenvolver obesidade e diabetes no futuro

Para a mãe:

  • Maior risco de parto cesáreo
  • Pré-eclâmpsia (pressão alta grave)
  • Maior chance de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro (no caso do diabetes gestacional)

Como é feito o tratamento do diabetes na gestação?

O tratamento depende do tipo de diabetes e do controle da glicemia.

Tratamento no diabetes gestacional:

  • Dieta equilibrada, fracionada e com baixo índice glicêmico
  • Atividade física leve a moderada (quando liberada pelo obstetra)
  • Monitoramento domiciliar da glicose
  • Insulina, quando dieta e exercícios não são suficientes

Tratamento no diabetes tipo 1 e tipo 2:

  • Ajuste individualizado da insulina
  • Avaliação da indicação da bomba de insulina
  • Monitoramento frequente
  • Acompanhamento multidisciplinar (endocrinologista, obstetra e nutricionista)

Dieta para diabetes na gestação: como comer bem e manter a glicose controlada

A alimentação é uma das principais ferramentas para manter o controle da glicemia durante a gravidez. O objetivo não é “comer por dois”, mas sim comer de forma equilibrada para fornecer todos os nutrientes necessários ao bebê e manter a glicose dentro das metas.

O plano alimentar deve ser individualizado, mas algumas orientações gerais incluem:

  • Fazer refeições fracionadas (3 principais e 2 a 3 lanches) para evitar picos e quedas bruscas de glicose.
  • Priorizar carboidratos de baixo índice glicêmico, como arroz integral, aveia, batata-doce, feijões e outras leguminosas.
  • Incluir proteínas magras (peixe, frango, ovos, queijos magros) em todas as refeições para ajudar na saciedade e no controle glicêmico.
  • Aumentar o consumo de fibras por meio de frutas com casca, verduras e legumes, que também ajudam no funcionamento intestinal.
  • Evitar açúcares e farinhas refinadas, como refrigerantes, sucos industrializados, doces, pães e massas brancas.
  • Manter uma boa hidratação, preferindo água e evitando bebidas adoçadas.

O acompanhamento com nutricionista e endocrinologista é fundamental para ajustar o cardápio conforme a evolução da gestação e os resultados da glicemia.

Como monitorar a diabetes durante a gestação

O monitoramento rigoroso da glicose durante a gestação é essencial para manter os níveis de açúcar no sangue dentro das metas e evitar complicações para a mãe e para o bebê.

Formas de monitorar:

  • Glicemia capilar (com glicosímetro): a gestante deve medir a glicose várias vezes ao dia – geralmente em jejum, antes das refeições, 1 hora após comer e, em alguns casos, antes de dormir.
  • Monitorização contínua de glicose (CGM): quando disponível, permite acompanhamento em tempo real e detecção de picos ou quedas de glicose, ajudando a ajustar a insulina com mais precisão.
  • Registro das medições: manter um diário, planilha ou aplicativo com todas as glicemias para facilitar a avaliação médica.

Por que monitorar com tanta frequência?
Durante a gestação, as necessidades de insulina podem mudar rapidamente por causa das alterações hormonais. Um acompanhamento frequente permite ajustes rápidos no tratamento, reduzindo riscos como macrossomia fetal (bebê muito grande), parto prematuro e hipoglicemia neonatal (bebê com açúcar baixo no sangue após nascer).

Metas de controle da diabetes durante a gestação

Manter a glicose dentro das metas é fundamental para reduzir riscos para a mãe e para o bebê. Os valores ideais costumam ser:

  • Glicemia em jejum ou antes das refeições: menor que 95 mg/dL
  • 1 hora após a refeição: menor que 140 mg/dL
  • 2 horas após a refeição: menor que 120 mg/dL
  • Hemoglobina glicada (HbA1c): idealmente abaixo de 6,0%, sem episódios de hipoglicemia (açúcar baixo demais no sangue)

Essas metas podem variar conforme a situação clínica da gestante e o tipo de diabetes, devendo sempre ser individualizadas pelo médico.

E depois do parto?

  • No diabetes gestacional, a glicemia geralmente volta ao normal após o parto, mas a mulher deve fazer um teste de glicose (TOTG) de 6 a 12 semanas depois para confirmar.
  • Quem já tinha diabetes tipo 1 ou tipo 2 antes da gravidez continua o tratamento, ajustando doses conforme a amamentação e novas necessidades.
  • Amamentar traz benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê, incluindo menor risco de obesidade infantil e de diabetes tipo 2 para a mãe.

Perguntas frequentes sobre diabetes na gestação

1. Toda grávida precisa fazer o teste para diabetes gestacional?

Sim. Mesmo sem sintomas, todas as gestantes devem fazer o exame entre 24 e 28 semanas. Só não precisa fazer o exame quem já tinha diagnóstico de diabetes antes da gestação. Também não é indicado para mulheres que fizeram cirurgia bariátrica antes da gestação.

2. Se eu tiver diabetes gestacional, meu bebê vai nascer com diabetes?

Não. O bebê pode ter glicose baixa ao nascer, mas isso é temporário e não significa que ele terá diabetes.

3. Posso ter parto normal com diabetes?

Sim, desde que o bebê não esteja muito grande e que não haja outras complicações.

4. Diabetes gestacional sempre volta em outra gravidez?

Não é regra, mas o risco é maior para quem já teve.

5. Quem teve diabetes gestacional vai ter diabetes tipo 2 no futuro?

O risco aumenta, mas pode ser reduzido com alimentação saudável, exercícios e acompanhamento médico.

Agende sua consulta com uma especialista

O diabetes na gestação exige atenção especial, mas com diagnóstico precoce, tratamento adequado e acompanhamento multidisciplinar, é possível ter uma gravidez saudável e segura.

O controle da glicemia não é apenas para evitar complicações imediatas, mas também para proteger a saúde futura da mãe e do bebê.

Se você está grávida ou planejando engravidar e tem histórico de diabetes, vamos conversar. Um acompanhamento próximo pode fazer toda a diferença para a sua saúde e para a saúde do seu bebê.

Nota: Este artigo foi escrito em uma linguagem simples e acessível para proporcionar uma leitura mais clara e agradável para quem não é da área da saúde. Também é importante lembrar que cada pessoa é única, e apenas uma consulta médica pode avaliar seu caso de forma individualizada e definir se há necessidade de exames, diagnósticos ou tratamentos específicos. Não substitua a avaliação de um profissional especializado.

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Referências:

Diabetes e Gestação – SBD

American Diabetes Association

Sociedade Brasileira de Diabetes

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