Dra. Camila Macêdo

Mulher segurando uma flor

A falência ovariana prematura (FOP) é uma condição que gera muitas dúvidas, medo e incertezas — especialmente entre mulheres jovens que ainda não esperavam entrar na menopausa.

Apesar de pouco conhecida, essa alteração hormonal afeta cerca de 1% das mulheres com menos de 40 anos e pode ter impacto direto na fertilidade, no ciclo menstrual e na saúde geral.

Neste artigo, você vai entender de forma simples e segura:

  • O que é falência ovariana prematura
  • Como saber se você tem FOP
  • Quais são os sintomas mais comuns
  • Quais as causas possíveis
  • Como é feito o diagnóstico
  • Qual o tratamento indicado
  • O que fazer se você quer engravidar
  • E quando procurar um endocrinologista

Quem é a dra. Camila Macêdo?

Foto da Dra. Camila Macedo

A Dra. Camila é especializada no cuidado da saúde hormonal de mulheres.

Ela é endocrinologista formada pela UFRN, com mais de seis anos de experiência médica. Realizou residência em Endocrinologia e Metabologia pela USP e tem título de especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Além do consultório, atua também como preceptora, ajudando na formação de novos médicos. É médica pesquisadora, acompanhando o desenvolvimento de novas medicações.

Na consulta médica, é feita uma análise detalhada dos seus sintomas, histórico familiar, uso de medicamentos, exames anteriores e queixas clínicas.

A avaliação inclui dados do exame físico e, se necessário, a solicitação de exames laboratoriais e de imagem.

Com base nessas informações, é elaborado um plano de tratamento personalizado — que pode envolver uso de medicações, acompanhamento periódico ou investigação mais aprofundada, conforme o caso.

Mas acreditamos que a medicina de verdade vai além dos exames e medicamentos. Ela não se baseia em promessas milagrosas — porque elas não existem. O verdadeiro cuidado é feito com escuta, atenção e planejamento.

É entender como você está hoje e traçar juntos o caminho para: tratar seus problemas de saúde, prevenir doenças futuras, ter hábitos mais saudáveis, envelhecer com saúde e autonomia.

Tudo isso para que você viva mais e com mais qualidade de vida: passar tempo com quem ama, se sentir bem no seu corpo, se dedicar ao trabalho ou simplesmente fazer o que te faz feliz.

Avaliações de pacientes:

O que é falência ovariana prematura?

A falência ovariana prematura (também chamada de insuficiência ovariana primária) ocorre quando os ovários deixam de funcionar de forma adequada antes dos 40 anos. Isso significa que eles param de produzir os hormônios femininos (estrogênio e progesterona) em quantidade suficiente e a ovulação se torna irregular ou cessa completamente.

Diferente da menopausa natural, que ocorre por volta dos 50 anos e é irreversível, na FOP a perda da função ovariana pode ser parcial ou flutuante. Ou seja, em alguns casos, ainda é possível ovular e até engravidar espontaneamente, mesmo após o diagnóstico.

Qual a diferença entre falência ovariana prematura e menopausa precoce?

Apesar de serem termos próximos, eles não são a mesma coisa.

  • FOP é o termo médico mais preciso, pois descreve a interrupção da função ovariana antes do tempo esperado, com possibilidade de retorno espontâneo da ovulação.
  • Menopausa precoce é um termo mais amplo, que muitas vezes é usado para se referir à mesma condição, mas sugere uma falência definitiva, o que nem sempre é o caso na FOP.

Por isso, o termo falência ovariana prematura é preferido nas diretrizes médicas atuais.

Como saber se eu tenho falência ovariana prematura?

Se você tem menos de 40 anos e percebeu:

  • Irregularidade menstrual frequente ou parada completa da menstruação por mais de 4 meses
  • Sintomas típicos da menopausa, como ondas de calor, ressecamento vaginal, irritabilidade ou insônia
  • Dificuldade para engravidar sem explicação aparente

… então é importante procurar um médico endocrinologista ou ginecologista para investigar a função dos seus ovários.

Ovário doente

Quais são os sintomas da falência ovariana prematura?

Os sintomas podem variar bastante. Algumas mulheres não sentem nada e só descobrem a condição ao investigar a infertilidade. Outras apresentam sintomas semelhantes ao climatério.

Os mais comuns são:

  • Menstruação irregular ou ausente
  • Ondas de calor (fogachos)
  • Ressecamento vaginal e dor na relação
  • Irritabilidade e oscilações de humor
  • Dificuldade de concentração
  • Fadiga, insônia
  • Redução da libido
  • Dificuldade para engravidar

Esses sinais não devem ser ignorados, especialmente em mulheres jovens. Quanto antes for feito o diagnóstico, melhor será o acompanhamento e a preservação da saúde a longo prazo.

Quais são as causas da falência ovariana prematura?

Na maioria dos casos, não se identifica uma causa específica (idiopática). Mas algumas condições conhecidas podem estar associadas à FOP:

  • Causas genéticas (como alterações nos cromossomos X ou síndrome de Turner)
  • Doenças autoimunes (em que o corpo ataca os próprios ovários)
  • Quimioterapia ou radioterapia
  • Cirurgias ovarianas
  • Infecções virais raras
  • Histórico familiar (mãe ou irmã com menopausa precoce)

O médico pode solicitar exames adicionais para investigar algumas dessas causas, especialmente em mulheres muito jovens ou com histórico sugestivo.

Como é feito o diagnóstico da FOP?

O diagnóstico da falência ovariana prematura é baseado em:

  1. Ausência ou irregularidade menstrual por 4 meses ou mais
  2. Dois exames com FSH (hormônio folículo-estimulante) elevados, em geral acima de 25 mUI/mL, com intervalo de pelo menos 4 semanas
  3. Estrogênio baixo no sangue
  4. Exclusão de outros problemas hormonais (como problemas na tireoide ou hiperprolactinemia)

Não é necessário fazer ultrassonografia ovariana para confirmar o diagnóstico, embora ela possa ajudar a descartar outras causas.

Níveis hormonais da falência ovariana precoce

A falência ovariana prematura tem cura?

Ainda não existe cura definitiva para a FOP, mas há formas seguras e eficazes de tratar os sintomas, preservar a saúde e, em alguns casos, até engravidar.

O acompanhamento com um endocrinologista ou ginecologista especializado é essencial para:

  • Reposição hormonal adequada
  • Prevenção da osteoporose e doenças cardiovasculares
  • Preservação da qualidade de vida emocional e sexual

Como é o tratamento da falência ovariana prematura?

O principal tratamento é a terapia de reposição hormonal (TRH), com estrogênio e progesterona, para simular o funcionamento natural do ciclo até a idade média da menopausa (em torno dos 50 anos).

A TRH ajuda a:

  • Aliviar os sintomas da deficiência hormonal
  • Proteger a saúde dos ossos e do coração
  • Prevenir atrofia vaginal
  • Melhorar o sono, o humor e a libido

A reposição pode ser feita com comprimidos, adesivos ou géis transdérmicos, dependendo do perfil da paciente. Se a mulher não tiver útero, apenas estrogênio é necessário.

Posso engravidar se tenho falência ovariana prematura?

Mesmo com o diagnóstico de FOP, algumas mulheres ainda têm ovulação ocasional — por isso, a gravidez espontânea pode acontecer, embora seja rara.

A maioria das mulheres com desejo de gestar vai precisar de tratamentos de reprodução assistida, sendo a fertilização in vitro com óvulo doado a opção com maior chance de sucesso.

Por isso, é essencial discutir o planejamento reprodutivo com o médico logo após o diagnóstico.

Mulher gestante

E a saúde mental?

O impacto emocional da falência ovariana prematura pode ser grande. Sentimentos de luto, frustração, medo da infertilidade, ansiedade e baixa autoestima são comuns.

O acompanhamento psicológico é uma parte importante do cuidado, e o acolhimento da equipe médica pode fazer toda a diferença.

Conclusão

A falência ovariana prematura é uma condição séria, mas que tem tratamento e não define quem você é. Com o diagnóstico certo, acompanhamento hormonal e apoio médico, é possível manter a saúde, lidar com os sintomas e pensar no futuro com mais tranquilidade — inclusive quando se trata de maternidade.

Agende sua consulta

Se você parou de menstruar precocemente, tem sintomas da menopausa antes dos 40 anos ou está enfrentando dificuldade para engravidar, procure ajuda de um médico especialista.

Nota: Este artigo foi escrito em uma linguagem simples e acessível para proporcionar uma leitura mais clara e agradável para quem não é da área da saúde. Também é importante lembrar que cada pessoa é única, e apenas uma consulta médica pode avaliar seu caso de forma individualizada e definir se há necessidade de exames, diagnósticos ou tratamentos específicos. Não substitua a avaliação de um profissional especializado.

As imagens e gráficos são próprios ou podem ser encontrados nos sites Yandex ou Freepik.

Referências:

Guideline sobre Falência Ovariana Prematura

Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)

Endocrine Society

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