
A menopausa é uma fase natural da vida da mulher, mas muitas ainda se sentem perdidas ou mal informadas sobre o que está acontecendo com o corpo. Sintomas como calorões, insônia, irritabilidade e mudanças no corpo e no humor são comuns — mas nem sempre são reconhecidos como parte desse processo.
Neste artigo, você vai entender de forma simples e confiável:
- O que é menopausa e como saber se você está passando por ela
- Qual a diferença entre menopausa e climatério
- Quais os sintomas mais comuns
- Como controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida
- Quando e para quem a reposição hormonal é indicada
- Quais são os tratamentos não hormonais disponíveis
Quem é a dra. Camila Macêdo?

A Dra. Camila é especializada em endocrinologia, que engloba o cuidado de mulheres no climatério ou na menopausa.
Ela é endocrinologista formada pela UFRN, com mais de seis anos de experiência médica. Realizou residência em Endocrinologia e Metabologia pela USP e tem título de especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Além do consultório, atua também como preceptora, ajudando na formação de novos médicos. É médica pesquisadora, acompanhando o desenvolvimento de novas medicações.
Na consulta médica, é feita uma análise detalhada dos seus sintomas, histórico familiar, uso de medicamentos, exames anteriores e queixas clínicas.
A avaliação inclui dados do exame físico e, se necessário, a solicitação de exames laboratoriais e de imagem.
Com base nessas informações, é elaborado um plano de tratamento personalizado — que pode envolver uso de medicações, acompanhamento periódico ou investigação mais aprofundada, conforme o caso.
Mas acreditamos que a medicina de verdade vai além dos exames e medicamentos. Ela não se baseia em promessas milagrosas — porque elas não existem. O verdadeiro cuidado é feito com escuta, atenção e planejamento.
É entender como você está hoje e traçar juntos o caminho para: tratar seus problemas de saúde, prevenir doenças futuras, ter hábitos mais saudáveis, envelhecer com saúde e autonomia.
Tudo isso para que você viva mais e com mais qualidade de vida: passar tempo com quem ama, se sentir bem no seu corpo, se dedicar ao trabalho ou simplesmente fazer o que te faz feliz.
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O que é menopausa?
A menopausa é definida como a última menstruação da mulher. Ela acontece porque a partir de certa idade os ovários passam a produzir os hormônios femininos de forma irregular, até que param de funcionar de forma permanente – interrompendo a produção de estrogênio e progesterona. Ela é confirmada após 12 meses consecutivos sem menstruar, sem outra causa aparente.
A idade média da menopausa no Brasil varia entre 48 e 52 anos, mas pode ocorrer antes ou depois, dependendo de fatores genéticos, cirurgias ou tratamentos.
Menopausa e climatério: qual a diferença?
Climatério é o nome da fase de transição antes, durante e após a menopausa. Também pode ser chamado de perimenopausa.
É um período que pode durar de 5 a 10 anos e que envolve alterações hormonais importantes.
Ele costuma começar costuma começar por volta dos 40–45 anos com os primeiros sinais de irregularidade menstrual e sintomas como os fogachos (calorões).
A menopausa é um marco, um ponto específico dentro do climatério. A menopausa é a data da última menstruação.
Ou seja, toda mulher no climatério passará pela menopausa. E muitas mudanças ou sintomas podem aparecer mesmo antes da menopausa.
Isso acontece porque mesmo antes da menopausa, a produção dos hormônios já fica irregular, com períodos de produção normal e períodos de falta do hormônio. Nessa fase, já podemos iniciar um tratamento, se houver indicação. Não é necessário aguardar a menopausa.

Como saber se estou na menopausa?
Não é preciso fazer exames para “descobrir” a menopausa, especialmente após os 45 anos. O diagnóstico é clínico, ou seja, feito com base nos seus sintomas e no histórico da menstruação.
Mas, em algumas situações específicas (como menopausa precoce, pacientes que já retiraram o útero ou que usam medicações que interferem no ciclo menstrual), o médico pode solicitar exames como:
- FSH (hormônio folículo-estimulante)
- LH (hormônio luteinizante)
- Estrogênio
O seu médico também pode precisar pedir outros exames para descartar outros problemas de saúde que podem afetar a sua menstruação, como os hormônios prolactina ou TSH.
Se você tem menos de 40 anos e parou de menstruar, é importante investigar falência ovariana precoce, que tem causas e tratamentos diferentes.
Quais os sintomas mais comuns da menopausa?
A queda do estrogênio afeta vários sistemas do corpo. Por isso, os sintomas da menopausa podem ser variados e mudar ao longo do tempo. Os mais frequentes são:
- Ondas de calor (fogachos)
- Suor noturno
- Insônia ou sono fragmentado
- Irritabilidade e mudanças de humor
- Queda da libido (desejo sexual)
- Secura vaginal e dor na relação
- Infecções urinárias de repetição
- Fadiga e falta de energia
- Dificuldade de concentração e lapsos de memória
- Aumento de peso ou mudança na distribuição da gordura corporal
- Alterações do cabelo e da pele
Esses sintomas não são “frescura” nem inevitáveis, e têm tratamento. O primeiro passo é buscar ajuda médica especializada.
Toda mulher precisa de reposição hormonal?
Não. A reposição hormonal (também chamada de TRH — terapia de reposição hormonal) não é indicada para todas as mulheres, mas pode ser extremamente benéfica para aquelas que têm sintomas moderados a intensos e não tem contraindicações.
De acordo com as diretrizes atuais, a TRH é a forma mais eficaz de aliviar sintomas como os fogachos, a queda de libido, a alteração do humor e a insônia, além de proteger a saúde do osso, diminuir problemas urinários e secura genital e, em alguns casos, a saúde do coração.
Principais indicações da TRH:
- Sintomas moderados a graves da menopausa: fogachos (ondas de calor), insônia e/ou alterações de humor
- Mulheres com menopausa precoce (antes dos 40-45 anos) ou falência ovariana prematura
- Prevenção de perda óssea em pacientes em risco para osteoporose
- Sintomas genitais ou urinários (podem ser controlados com o uso do hormônio por via vaginal)
É especialmente recomendada para:
- Mulheres com menos de 60 anos
- Mulheres nos primeiros 10 anos após a menopausa
- Mulheres com menopausa precoce
A escolha do tipo de hormônio, da via de administração (oral, gel, adesivo, vaginal) e da duração do tratamento deve ser individualizada, com acompanhamento médico regular.
Quando a reposição hormonal é contraindicada?
A TRH deve ser evitada em mulheres com:
- História de câncer de mama ou endométrio
- Doença tromboembólica (trombose, embolia pulmonar)
- Doença do fígado grave
- Infarto ou AVC recentes
- Sangramento vaginal sem causa explicada
Nesses casos, é necessária uma avaliação especializada para definir se a terapia hormonal é msemo segura. Se for mesmo contraindicada, existem alternativas não hormonais para o controle dos sintomas.

Quais os tratamentos não hormonais para os sintomas da menopausa?
Quando a reposição hormonal não é possível ou não é desejada, é possível recorrer a opções não hormonais, com base científica e segurança.
Alguns exemplos incluem:
- Antidepressivos em baixas doses (ISRS ou IRSN): podem aliviar os fogachos e melhorar o sono
- Lubrificantes e hidratantes vaginais: aliviam o desconforto local
- Acupuntura, suplementos ou fitoterápicos ainda não tem comprovação científica de benefício: em alguns estudos, eles foram tão eficazes quanto um placebo (um comprimido sem nenhuma medicação)
Além disso, hábitos saudáveis têm papel central:
- Prática regular de atividade física
- Usar roupas leves e “em camadas” (para que você possa retirar alguma peça de roupa no momento do calorão)
- Sono de qualidade – a higiene do sono é fundamental!
- Alimentação rica em fibras, cálcio e proteína
- Controle do estresse
- Apoio emocional e psicológico
Menopausa engorda?
A menopausa não “engorda” diretamente, mas as alterações hormonais favorecem o acúmulo de gordura abdominal, perda de massa muscular e redução do metabolismo.

Nessa fase, há uma mudança na distribuição da gordura pelo corpo, que passa a se concentrar na região da barriga. Esse tipo de gordura, além da questão estética, também é ruim porque aumenta o risco de outros problemas de saúde, como resistência à insulina, colesterol alto e pressão alta.
Por isso, muitas mulheres relatam dificuldade em manter o peso, mesmo com hábitos parecidos aos que tinham antes.
Com ajustes na alimentação, prática de exercício de força e acompanhamento médico, é possível manter a saúde e o peso sob controle nessa fase. Em alguns casos, também podemos utilizar medicações para auxílio no controle do peso.
A menopausa afeta o coração?
Sim. A queda do estrogênio está associada a um maior risco de doenças do coração, incluindo infarto e AVC — especialmente após os 60 anos.
Por isso, é importante manter o controle de:
- Pressão arterial
- Colesterol
- Glicemia
- Peso corporal
A reposição hormonal pode ter efeito protetor, mas apenas quando iniciada na janela ideal (menos de 60 anos ou até 10 anos após a menopausa). Após esse período, os riscos superam os benefícios.
A menopausa afeta a memória?
Muitas mulheres relatam lapsos de memória, dificuldade de concentração ou sensação de “mente cansada” durante o climatério. Isso pode estar ligado à queda hormonal, mas também ao sono ruim, estresse e outros fatores.
A boa notícia é que, com sono adequado, controle dos sintomas vasomotores e atividade mental regular, a cognição pode melhorar com o tempo.
Conclusão
A menopausa é uma fase natural da vida da mulher, mas não precisa ser vivida com sofrimento. Com orientação adequada, é possível aliviar os sintomas, prevenir doenças e viver essa etapa com saúde, autonomia e bem-estar.
A decisão sobre iniciar ou não um tratamento deve ser feita juntamente com o endocrinologista ou ginecologista, levando em conta seu histórico, seus sintomas e seus objetivos de vida.

Agende sua consulta
Se você está passando pelo climatério ou já entrou na menopausa e quer entender como cuidar melhor do seu corpo nessa fase, agende uma consulta com a Dra. Camila.
Ela pode te ajudar a encontrar a melhor abordagem — com ou sem reposição — sempre baseada em ciência e no que faz sentido para você.
Nota: Este artigo foi escrito em uma linguagem simples e acessível para proporcionar uma leitura mais clara e agradável para quem não é da área da saúde. Também é importante lembrar que cada pessoa é única, e apenas uma consulta médica pode avaliar seu caso de forma individualizada e definir se há necessidade de exames, diagnósticos ou tratamentos específicos. Não substitua a avaliação de um profissional especializado.
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Referências:
Management of Menopausal Symptoms: A Review
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)
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