Dra. Camila Macêdo – Endocrinologista em São Paulo

Descobrir um nódulo na tireoide é algo comum, mas que naturalmente gera preocupação. Muitas pessoas pensam imediatamente em câncer, mas a verdade é que a maioria dos nódulos da tireoide é benigna e não representa risco à saúde.

Neste artigo, você vai entender:

  • O que é um nódulo na tireoide
  • Quando ele pode ser preocupante
  • Como é feito o diagnóstico
  • Quais exames podem ser necessários
  • Quando existe indicação de biópsia ou cirurgia
  • O acompanhamento ideal com o endocrinologista

Quem é a dra. Camila Macêdo?

Foto da Dra. Camila Macedo

A saúde da sua tireoide merece cuidado especializado — e é exatamente isso que a Dra. Camila oferece.

Médica endocrinologista formada pela UFRN, com residência em Endocrinologia e Metabologia pela USP e título de especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Dra. Camila une conhecimento científico a uma escuta atenta para cuidar de cada paciente de forma única.

Com mais de seis anos de experiência, também atua como preceptora (formando novos médicos) e pesquisadora (acompanhando o surgimento de novas terapias). Isso significa que você será atendido(a) por alguém que alia prática clínica, ensino e ciência em benefício da sua saúde.

Mas, acima de tudo, acredita que a verdadeira medicina vai além dos exames e receitas.

O resultado? Mais tranquilidade, controle e prevenção de doenças, hábitos saudáveis e qualidade de vida para que você possa:

  • Compreender a sua própria saúde
  • Estar presente nos momentos que importam
  • Sentir-se bem no seu corpo
  • Envelhecer com saúde e autonomia

O que dizem os pacientes da Dra. Camila

O que é a tireoide?

A tireoide é uma glândula endócrina em formato de borboleta, localizada normalmente na parte da frente e mais baixa do pescoço.
Sua principal função é produzir os hormônios tireoidianos, que são liberados no sangue e transportados para todos os tecidos do corpo.

Esses hormônios têm papel essencial para o organismo, ajudando a:

  • Regular o gasto de energia
  • Manter a temperatura corporal estável
  • Garantir o bom funcionamento do cérebro, coração, músculos e outros órgãos
Como é a tireoide - Ilustração mostrando a glândula tireoide no pescoço

O Que São Nódulos na Tireoide?

Nódulos da tireoide são muito comuns, especialmente em mulheres. A maioria é benigna e não traz riscos à saúde.

Muitos são descobertos por acaso, em exames de rotina ou após queixas como sensação de “caroço no pescoço”. O ultrassom é o exame de escolha para investigar esses nódulos com segurança.

Estudos mostram que até 60% das pessoas terão um nódulo visível no ultrassom ao longo da vida, mas apenas uma pequena parte representa risco real.

Se tenho um nódulo na tireoide, com o que preciso me preocupar?

Se há um nódulo da tireoide, nos precupamos com 3 pontos principais:

  1. Esse nódulo está atrapalhando a produção de hormônios?
  2. Esse nódulo está causando sintomas?
  3. Esse nódulo é benigno ou maligno?

Esse nódulo está atrapalhando a produção de hormônios?

Os nódulos de tireoide podem produzir hormônios em excesso. Por isso, sempre que há um nódulo precisamos dosar o TSH e o T4 livre e avaliar se eles estão normais ou alterados.

Esse nódulo está causando sintomas?

Se o nódulo for muito grande (geralmente mais de 3 ou 4 centímetros), ele pode apertar outras estruturas do pesçoço:

  • O lugar por onde passa o ar para respirarmos, causando falta de ar
  • O lugar por onde passa a comida, causando engasgos ou entalo
  • O nervo da voz, causando rouquidão
  • O nódulo também pode ficar aparente e causar incômodo estético

Esse nódulo é benigno ou maligno?

Para chegar a essa resposta, precisamos avaliar as características do nódulo no ultrassom – é aí que o TIRADS entra para nos auxiliar! Além do TIRADS, existem outras classificações como a ATA e a classificação Chammas.

O que causa nódulos na tireoide?

Ainda não sabemos exatamente o que causa a maioria dos nódulos de tireoide, mas eles são extremamente comuns.

Algumas condições que aumentam o risco de nódulos incluem:

  • Tireoidite de Hashimoto, a causa mais comum de hipotireoidismo.
  • Deficiência de iodo, rara em países como o Brasil atualmente, mas ainda relacionada ao surgimento de nódulos.

Nódulo na tireoide significa câncer?

A primeira dúvida da maioria dos pacientes é sobre a chance de câncer.

A boa notícia é que mais de 90% dos nódulos de tireoide são benignos. Apenas uma pequena parcela, em torno de 5 a 10%, é maligna. Mesmo nesses casos, a maioria dos cânceres de tireoide costuma ter bom prognóstico e alta chance de cura.

Quais sintomas o nódulo pode causar?

Muitos nódulos são assintomáticos e descobertos por acaso em exames de rotina. Mas alguns podem trazer sinais como:

  • Sensação de caroço no pescoço
  • Dificuldade para engolir (disfagia)
  • Alterações na voz, como rouquidão
  • Crescimento visível na região anterior do pescoço

É importante destacar que nem sempre um nódulo grande significa câncer. Muitas vezes, nódulos benignos podem crescer bastante sem risco.

Como saber se o meu nódulo é perigoso?

O primeiro passo é realizar um ultrassom de tireoide, que ajuda a classificar o risco do nódulo. Existem sistemas internacionais, como o TIRADS, a classificação da ATA ou a classificação Chammas, que avaliam as características do nódulo (forma, bordas, presença de calcificações, vascularização) para indicar se há necessidade de biópsia.

Nódulos de tireoide com diferentes riscos de malignidade: baixa, intermediária ou alta.

Quando é necessário fazer biópsia do nódulo?

A punção aspirativa por agulha fina (PAAF) é o exame mais usado para avaliar se um nódulo é benigno ou maligno.

Nem todo nódulo precisa ser puncionado. O médico considera:

  • Tamanho do nódulo (geralmente acima de 1 cm, dependendo das características)
  • Aparência no ultrassom (se tem sinais suspeitos)
  • Histórico do paciente (casos de câncer de tireoide na família, exposição prévia à radiação no pescoço)

Como é feita a punção da tireoide?

A punção aspirativa por agulha fina (PAAF) é um procedimento simples, rápido e seguro, realizado geralmente em consultório ou clínica especializada.

  • O exame é feito com anestesia local leve ou até mesmo sem anestesia, já que a agulha é bem fina.
  • O médico utiliza o ultrassom para guiar a agulha até o nódulo, garantindo precisão.
  • Uma pequena amostra de células é retirada do nódulo e enviada para análise laboratorial.

A PAAF não costuma deixar cicatriz, e o desconforto é mínimo.
É considerado o padrão-ouro para definir se um nódulo é benigno ou suspeito de câncer, sendo fundamental para o diagnóstico correto.

Classificação Bethesda: como entender o resultado da punção da tireoide e o que significa para sua saúde

O resultado dessa biópsia é descrito pela chamada classificação Bethesda, um sistema internacional que organiza os achados em seis categorias.

De forma simples, cada categoria do Bethesda indica:

  • Se o nódulo é benigno ou suspeito.
  • Qual o risco estimado de câncer em cada caso.
  • Se é necessário apenas acompanhamento, repetir a punção ou até mesmo considerar cirurgia.

De forma geral, os resultados podem ser agrupados em três grandes categorias: benigno, maligno/suspeito ou indeterminado.

Compreender esse resultado ajuda o paciente a participar das decisões médicas com mais tranquilidade, sabendo exatamente qual é o próximo passo.

Infográfico em português explicando a classificação Bethesda para punção da tireoide.

O resultado da biópsia veio indeterminado – o que fazer agora?

Receber um laudo de PAAF indeterminado pode gerar ansiedade, mas esse resultado não significa automaticamente que você tem câncer.

Passos práticos para o paciente:

  1. Conversar com o endocrinologista para entender o tipo exato de “indeterminado” descrito no laudo.
  2. Avaliar a possibilidade de exames moleculares (testes que examinam o DNA), que ajudam a refinar o diagnóstico.
  3. Decidir em conjunto se é melhor repetir a punção, acompanhar com ultrassom ou partir para cirurgia.
  4. Lembrar que na maioria dos casos indeterminados, o nódulo não é câncer.

O Que é um Cisto na Tireoide?

Cisto na tireoide é uma formação cheia de líquido dentro da glândula tireoide.

É diferente de um nódulo sólido. Cistos são, na grande maioria das vezes, completamente benignos.

Eles podem ser:

  • Cistos simples: apenas com líquido, sem componentes sólidos (TIRADS 2)
  • Cistos complexos: com áreas sólidas ou calcificações, o que pode aumentar o risco

Em geral, cistos simples não precisam de tratamento, apenas acompanhamento com exames de imagem. Já os cistos com conteúdo sólido podem exigir mais atenção — e em alguns casos, indicação de punção.

Mesmo sendo benignos, também necessitam de acompanhamento periódico com o ultrassom, porque eles podem crescer ao longo do tempo (e em alguns casos precisam ser esvaziados).

Cisto na tireoide

O que pode fazer um nódulo mudar ao longo do tempo?

Alguns nódulos permanecem estáveis por anos, enquanto outros podem aumentar de tamanho. Esse crescimento nem sempre indica malignidade, mas exige acompanhamento. Por isso, o seguimento regular com ultrassom é fundamental.

Como é o tratamento de um nódulo de tireoide?

O tratamento depende da natureza do nódulo:

  • Benigno
  • Suspeito ou maligno
  • Funcional (produz hormônio em excesso)

Assim, não existe um único caminho: cada caso deve ser avaliado de forma individualizada, considerando o risco, os sintomas e a evolução do nódulo ao longo do tempo.

Tratamento dos nódulos benignos

Nesses casos, recomenda-se apenas o acompanhamento com ultrassom a cada 6 a 12 meses e exame físico anual com o médico.

Cirurgia também pode ser indicada mesmo em nódulos benignos se eles continuarem crescendo, causarem sintomas compressivos (como dificuldade para engolir ou respirar), ou apresentarem alterações suspeitas no ultrassom ao longo do seguimento.

Tratamento dos nódulos suspeitos ou malignos

Nódulos malignos ou com alta suspeita de câncer devem ser retirados por cirurgia, realizada por um cirurgião de tireoide experiente. A boa notícia é que a maioria dos cânceres de tireoide tem cura e raramente causa risco de vida.

Em algumas situações específicas, o tratamento pode incluir a lobectomia (retirada de apenas uma parte, um lobo da tireoide, quando o nódulo está localizado de forma restrita e sem sinais de disseminação).

Já em casos selecionados de câncer de tireoide, pode-se usar o radioiodo (ou iodo radioativo) como parte do tratamento complementar após a cirurgia, ajudando a eliminar possíveis células tireoidianas remanescentes.

O tratamento padrão do câncer de tireoide não inclui quimioterapia ou radioterapia, como outros tipos de câncer.

Tratamento dos nódulos funcionantes (que produzem hormônios em excesso)

Pode ser indicada a cirurgia da tireoide – retirada total (tireoidectomia total) ou parcial (lobectomia) da glândula.

Além da cirurgia, também existe a opção de tratamentos que destroem apenas o nódulo ou o radioiodo.

O radioiodo (ou iodo radioativo) é uma forma especial do iodo utilizada em medicina para diagnóstico e tratamento de doenças da tireoide. Quando o paciente ingere uma dose controlada de radioiodo em forma de cápsula ou líquido, a substância é absorvida pela tireoide, destruindo as células que produzem o hormônio em excesso.

Quando devo procurar um endocrinologista?

Você deve marcar uma consulta se:

  • Foi identificado um nódulo em ultrassom ou exame físico
  • O nódulo apresenta crescimento rápido
  • Você tem sintomas como dificuldade para engolir ou rouquidão persistente
  • Existe histórico familiar de câncer de tireoide

Se você tem um nódulo na tireoide, procure um especialista

Os pontos importantes para lembrar são os seguintes:

  • Nódulos de tireoide geralmente não causam sintomas.
  • Ter um nódulo na tireoide não significa automaticamente ter câncer. A maioria é benigna e pode ser apenas acompanhada.
  • Os hormônios da tireoide costumam estar normais — mas precisam ser avaliados.
  • A melhor forma de descobrir um nódulo de tireoide é garantir que o seu médico examine o seu pescoço!

Se você descobriu um nódulo na tireoide e está com dúvidas ou preocupações, agende uma consulta. Vou avaliar seu caso de forma individualizada, indicar os exames adequados e definir se é apenas necessário acompanhamento ou algum tratamento.

Nota: Este artigo foi escrito em uma linguagem simples e acessível para proporcionar uma leitura mais clara e agradável para quem não é da área da saúde. Também é importante lembrar que cada pessoa é única, e apenas uma consulta médica pode avaliar seu caso de forma individualizada e definir se há necessidade de exames, diagnósticos ou tratamentos específicos. Não substitua a avaliação de um profissional especializado.

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Referências:

American College of Radiology

American Thyroid Association (ATA)

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