Dra. Camila Macêdo

Útero, ovários e cistos no ovário

Você já ouviu falar sobre ovário policístico e ficou em dúvida se isso pode estar relacionado aos seus sintomas? Essa é uma das condições mais comuns no consultório da endocrinologia e ginecologia, mas também é uma das mais mal compreendidas.

Neste artigo, você vai entender:

  • O que é a síndrome do ovário policístico (SOP)
  • Quais são os sintomas mais comuns
  • Como saber se você tem ovário policístico
  • Qual é o tratamento indicado
  • Como a SOP pode afetar sua fertilidade, peso, pele e saúde mental
  • Quando procurar ajuda médica

Quem é a dra. Camila Macêdo?

Foto da Dra. Camila Macedo

A Dra. Camila é médica endocrinologista especialista no cuidado integral de pacientes com distúrbios hormonais, inclusive mulheres que convivem com a síndrome dos ovários policísticos (SOP). Seu trabalho é pautado na promoção da saúde e na melhoria da qualidade de vida por meio de um olhar atento, escuta ativa e acompanhamento individualizado.

Formada em Medicina pela UFRN, com residência em Endocrinologia e Metabologia pela USP, ela é titulada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Atua há mais de seis anos com foco em saúde hormonal, fertilidade, metabolismo e longevidade feminina.

Além da prática clínica, participa da formação de novos médicos como preceptora e atua também como pesquisadora, acompanhando de perto o desenvolvimento de novas terapias e medicamentos.

A Dra. Camila realiza consultas presenciais e por telemedicina, com atendimentos para pacientes de todas as regiões do Brasil e também para brasileiras que vivem no exterior — com destaque especial para aquelas que estão na Itália. A experiência no atendimento online permite um cuidado de excelência, com conforto e praticidade, sem perder a profundidade da avaliação clínica.

Durante a consulta, ela faz uma análise completa dos seus sintomas, histórico familiar, uso de medicamentos e exames anteriores. O plano de cuidado é elaborado de forma personalizada, considerando seus objetivos, seu momento de vida e o que realmente importa para você.

Acredita que a medicina de verdade não se baseia em promessas rápidas nem soluções mágicas — mas sim em conhecimento científico, planejamento e vínculo com o paciente. É por meio do entendimento do seu quadro atual que será possível traçar um caminho de cuidado contínuo, que envolva o tratamento dos sintomas, a prevenção de complicações futuras e a construção de hábitos mais saudáveis.

Avaliações de pacientes:

Avaliação da dra. Camila Macêdo

O que é ovário policístico?

Ovário policístico, ou Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), é uma alteração hormonal que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva. Apesar do nome, ela não se limita apenas aos ovários: a SOP envolve o ciclo menstrual, pele, metabolismo, fertilidade e até a saúde emocional.

Principais características:

  • Aumento dos níveis de hormônios masculinos (androgênios)
  • Irregularidade menstrual ou ausência de ovulação
  • Aspecto policístico dos ovários ao ultrassom

Sintomas de ovário policístico

Muitas pacientes descobrem a SOP ao investigar dificuldades para engravidar, acne persistente ou ciclos menstruais desregulados. Mas os sintomas vão além disso.

Os sintomas mais comuns incluem:

  • Ciclos menstruais irregulares ou ausentes
  • Dificuldade para engravidar
  • Acne persistente
  • Excesso de pelos no rosto ou no corpo (hirsutismo)
  • Queda de cabelo
  • Ganho de peso ou dificuldade para perder peso
  • Manchas escurecidas na pele (acantose nigricans)
  • Sintomas de ansiedade e depressão
Mulher checando o ciclo menstrual

Por que os cistos nos ovários causam todos esses sintomas?

Apesar do nome, a síndrome dos ovários policísticos (SOP) não é causada apenas pelos cistos. Na verdade, os “cistos” são pequenos folículos — estruturas normais dos ovários que, na SOP, acabam se acumulando porque a ovulação muitas vezes não acontece como deveria.

Na SOP existe uma desproporção entre o LH e FSH, que são os hormônios responsáveis pela produção de estrógeno, testosterona e por fazer o folículo se transformar em um óvulo. O LH fica normalmente é 2 a 4x maior que o FSH. Com isso, os folículos não conseguem evoluir até estágios maduros, ficam “estacionados” em estágios intermediários e se acumulam nos ovários, conferindo ao ovário a morfologia policística.

Esses folículos imaturos podem ser visualizados no ultrassom, mas eles não causam sintomas diretamente. O que realmente provoca os sintomas da SOP são os desequilíbrios hormonais.

O excesso de LH e o excesso de insulina levam ao aumento na produção de hormônios masculinos / androgênios (como a testosterona), o que leva aos sintomas como acne, aumento de pelos e queda de cabelo.

Além disso, a alteração dos hormônios pode causar resistência à insulina, o que interfere no metabolismo e contribui para ganho de peso e dificuldade para emagrecer.

Ou seja, os “cistos” visíveis no ovário são apenas uma consequência de todo esse processo hormonal — e não a causa isolada.

É por isso que o tratamento vai muito além de apenas “limpar os ovários” ou “eliminar os cistos”.

O cuidado com a SOP envolve um olhar global para o corpo, os hormônios e os sintomas da paciente.

Como saber se tenho ovário policístico?

O diagnóstico de SOP deve ser feito por um médico, geralmente com base em três critérios principais. Você precisa ter dois desses três:

  1. Ciclos menstruais irregulares ou ausência de ovulação
  2. Sinais clínicos ou laboratoriais de excesso de androgênios (exemplo: acne, pelos em excesso, testosterona alta)
  3. Ovários com aparência policística no ultrassom ou níveis elevados de AMH (hormônio antimülleriano)

Importante: Não é necessário fazer ultrassom para todas as mulheres. Se você tem ciclos irregulares e sinais de excesso de androgênios, o ultrassom pode ser dispensado.

Critérios diagnósticos da síndrome dos ovários policísticos

O que causa o ovário policístico?

A causa exata da SOP ainda não é totalmente compreendida, mas sabemos que há fatores genéticos e ambientais envolvidos. Muitas mulheres com SOP também apresentam:

Como é feito o diagnóstico de ovário policístico na adolescência?

O diagnóstico de SOP em adolescentes requer mais atenção e cuidado, pois muitos sinais da puberdade podem ser semelhantes aos sintomas da síndrome, como acne, ciclos irregulares e aumento de pelos.

Para adolescentes, é necessário:

  • Presença de dois critérios obrigatórios:
    1. Irregularidade menstrual persistente (mais de 2 anos após a primeira menstruação ou ciclos maiores que 90 dias)
    2. Sinais clínicos ou laboratoriais de excesso de androgênios (como acne severa ou excesso de pelos)

Ultrassom dos ovários e hormônio antimülleriano (AMH) não devem ser usados para diagnosticar SOP em adolescentes, pois os ovários ainda estão em desenvolvimento e podem ter vários cistos mesmo sem doença.

O que fazer se houver suspeita, mas o diagnóstico ainda não é confirmado?

  • A adolescente pode ser classificada como “em risco para SOP
  • O ideal é aguardar e reavaliar o quadro clínico ao longo dos anos, especialmente após 8 anos da primeira menstruação
  • É importante iniciar mudanças no estilo de vida desde cedo e monitorar sintomas, mesmo sem diagnóstico fechado

O acompanhamento com endocrinologista e ginecologista é essencial para evitar tratamentos desnecessários ou atrasos na intervenção adequada.

O que é o hormônio antimülleriano (AMH) e qual seu papel na SOP?

O hormônio antimülleriano (AMH) é um marcador produzido pelos pequenos folículos dos ovários. Ele tem ganhado destaque nos últimos anos por estar relacionado à reserva ovariana (quantos folículos o ovário ainda pode produzir) e também por estar elevado na maioria das mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP).

Mas atenção: o AMH não deve ser usado como único exame para diagnosticar SOP, especialmente em adolescentes.

O que você precisa saber sobre o AMH:

  • Níveis altos de AMH são comuns em mulheres com SOP
  • Pode ser usado como alternativa ao ultrassom para confirmar a morfologia policística dos ovários em adultas
  • Não é necessário dosar AMH se a mulher já tem irregularidade menstrual + sinais de excesso de androgênios (nesses casos, o diagnóstico de SOP já pode ser feito)
  • Não deve ser usado para diagnosticar SOP em adolescentes, pois ainda não há valores de referência seguros nessa faixa etária
  • Níveis de AMH podem variar de acordo com:
    • Idade (menores em mulheres acima de 35 anos)
    • Peso corporal (podem ser mais baixos em mulheres com sobrepeso)
    • Uso de anticoncepcional hormonal

Em resumo:

O AMH pode ajudar no diagnóstico, mas nunca substitui a avaliação clínica e hormonal completa. Deve ser interpretado por um profissional capacitado, levando em consideração o contexto de cada paciente.

Como a alimentação influencia a SOP?

É muito importante controlar a resposta glicêmica dos alimentos.

O consumo excessivo de carboidratos simples, sem a presença de proteína ou gordura saudável, gera picos de glicose e insulina, o que estimula ainda mais a produção de androgênios.

Uma alimentação equilibrada deve:

  • Reduzir o consumo de açúcar e farinhas refinadas
  • Combinar carboidratos com proteínas e gorduras boas
  • Incluir fibras, vegetais e gorduras saudáveis
  • Ajudar no controle da acne, dos pelos e da ovulação
Exemplo de alimentação saudável e equilibrada

Ovário policístico engorda?

A resposta é: não necessariamente. A SOP pode dificultar o controle do peso, mas não causa ganho de peso por si só. Mulheres com peso adequado para a altura também podem ter SOP.

No entanto, o excesso de peso pode piorar os sintomas hormonais e metabólicos da SOP.

Dica: Um plano alimentar individualizado e atividade física regular são fundamentais para o tratamento.

Ovário policístico atrapalha para engravidar?

Sim, a SOP pode dificultar a ovulação e, consequentemente, a gravidez. Mas isso não significa que você é infértil. Muitas mulheres com essa doença conseguem engravidar naturalmente.

E se você tiver dificuldades para engravidar, há alguns tratamentos disponíveis.

Tratamentos disponíveis:

  1. Medicamentos para induzir a ovulação (como o letrozol, primeira escolha atual)
  2. Metformina, especialmente se houver resistência à insulina
  3. Mudança no estilo de vida
  4. Tratamentos de reprodução assistida, se necessário
Ovulação

Como tratar o ovário policístico?

O tratamento é individualizado e depende dos seus sintomas e objetivos (como regular o ciclo, melhorar a pele ou engravidar).

Principais abordagens:

  • Estilo de vida saudável (alimentação, atividade física regular)
  • Pílula anticoncepcional para regular os hormônios, o ciclo menstrual e reduzir acne e pelos
  • Outras medicações para controle dos hormônios masculinos
  • Metformina para melhorar o metabolismo e a sensibilidade à insulina
  • Terapias estéticas ou dermatológicas (como laser para hirsutismo)
  • Acompanhamento psicológico para ansiedade e depressão

Estilo de vida saudável é parte fundamental do tratamento. Uma alimentação equilibrada e exercícios físicos regulares podem reduzir sintomas e melhorar a fertilidade.

Quais os riscos da SOP se não for tratada?

Se não tratada, a SOP pode aumentar o risco de:

  • Diabetes tipo 2
  • Colesterol alto e pressão alta
  • Doenças do coração
  • Apneia do sono
  • Câncer de endométrio (risco baixo, mas aumentado)

Por isso, o acompanhamento médico regular é essencial.

Ovário policístico tem cura?

A SOP não tem cura, mas pode ser muito bem controlada com tratamento adequado e mudanças no estilo de vida.

O objetivo é reduzir sintomas, melhorar fertilidade e evitar complicações a longo prazo.

Quando procurar uma endocrinologista?

Você deve procurar ajuda médica se apresentar:

  • Menstruação irregular ou ausente por vários meses
  • Acne de difícil controle
  • Excesso de pelos no rosto, seios ou abdômen
  • Dificuldade para engravidar
  • Ganho de peso inexplicado
  • Sintomas de ansiedade ou depressão
Mulher em consulta médica

Conclusão

A síndrome do ovário policístico é uma condição comum, que pode afetar diferentes aspectos da saúde da mulher. A boa notícia é que há tratamento eficaz e, com o acompanhamento adequado, é possível ter qualidade de vida, fertilidade preservada e bem-estar emocional.

Agende sua consulta!

Se você se identificou com os sintomas ou tem dúvidas sobre ovário policístico, agende uma consulta comigo. Vamos conversar sobre sua saúde hormonal e encontrar o melhor caminho para o seu bem-estar.

Nota: Este artigo foi escrito em uma linguagem simples e acessível para proporcionar uma leitura mais clara e agradável para quem não é da área da saúde. Também é importante lembrar que cada pessoa é única, e apenas uma consulta médica pode avaliar seu caso de forma individualizada e definir se há necessidade de exames, diagnósticos ou tratamentos específicos. Não substitua a avaliação de um profissional especializado.

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Referências:

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