Dra. Camila Macêdo – Endocrinologista em São Paulo

Remédios para obesidade: As canetas não são a única opção

As “canetas” não são a única opção para tratamento da obesidade.

A obesidade é uma condição crônica, complexa e multifatorial, que vai muito além da estética. Está associada a diversas doenças crônicas e pode afetar significativamente a qualidade de vida.

Para algumas pessoas, somente mudanças no estilo de vida não são suficientes para controlar o peso a longo prazo. O uso de medicamentos pode ser uma ferramenta importante, sempre com indicação e acompanhamento médico.

Neste artigo, você vai entender:

  • Quais são os remédios para obesidade disponíveis no Brasil
  • Quando os medicamentos são indicados
  • Diferença entre medicamentos on-label e off-label
  • Quais são os efeitos esperados e possíveis efeitos colaterais
  • Como funciona o tratamento medicamentoso
  • Quando não usar remédio para emagrecer

Quem é a dra. Camila Macêdo?

Foto da Dra. Camila Macedo

A obesidade merece cuidado especializado — e é exatamente isso que a Dra. Camila oferece.

Médica endocrinologista formada pela UFRN, com residência em Endocrinologia e Metabologia pela USP e título de especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Dra. Camila une conhecimento científico a uma escuta atenta para cuidar de cada paciente de forma única.

Com mais de seis anos de experiência, também atua como preceptora (formando novos médicos) e pesquisadora (acompanhando o surgimento de novas terapias). Isso significa que você será atendido(a) por alguém que alia prática clínica, ensino e ciência em benefício da sua saúde.

Mas, acima de tudo, acredita que a verdadeira medicina vai além dos exames e receitas.

O resultado? Mais tranquilidade, controle e prevenção de doenças, hábitos saudáveis e qualidade de vida para que você possa:

  • Compreender a sua própria saúde
  • Estar presente nos momentos que importam
  • Sentir-se bem no seu corpo
  • Envelhecer com saúde e autonomia

O que dizem os pacientes da Dra. Camila

Quem pode usar remédio para emagrecer?

Os remédios para obesidade são indicados para pessoas com IMC acima de 30 kg/m² ou a partir de 25 kg/m² se houver doenças associadas, como diabetes tipo 2, hipertensão ou apneia do sono.

É importante lembrar que nenhuma medicação substitui alimentação saudável, atividade física e acompanhamento multidisciplinar (médico, nutricional e psicológico). Os remédios são um complemento, não um atalho.

Como os remédios para perder peso funcionam?

Os medicamentos usados no tratamento da obesidade atuam em diferentes mecanismos do corpo para facilitar o processo de emagrecimento. Cada tipo tem uma forma distinta de agir, e a escolha do remédio mais adequado depende do perfil clínico da pessoa com obesidade, dos sintomas associados e das doenças que ela possa ter.

Algumas formas comuns de ação incluem:

  • Redução da fome:
    Alguns medicamentos agem no centro do apetite no cérebro, ajudando a pessoa a sentir menos fome ou a se sentir satisfeita com uma quantidade menor de comida.
  • Aumento da saciedade:
    Outras medicações prolongam a sensação de estômago cheio, fazendo com que a ingestão de alimentos naturalmente diminua.
  • Melhora da compulsão alimentar:
    Certos fármacos ajudam a controlar o impulso de comer fora de hora, principalmente em quem tem episódios de comer emocional ou vontade incontrolável de alimentos calóricos.
  • Interferência na absorção de nutrientes:
    Como no caso do orlistate, que reduz a absorção da gordura dos alimentos, diminuindo a ingestão calórica total.

Toda pessoa com obesidade precisa usar medicação?

A obesidade é uma doença crônica e, como toda condição crônica, merece um tratamento adequado.

O uso de medicamentos não é um atalho ou uma “fórmula fácil” para emagrecer, mas sim uma ferramenta terapêutica válida — assim como acontece com pessoas que têm hipertensão, diabetes ou asma e precisam de remédios para controlar a doença.

O tratamento da obesidade não tem como objetivo apenas a perda de peso estética. Ele busca reduzir riscos cardiovasculares, melhorar o metabolismo, prevenir complicações futuras e proporcionar mais qualidade de vida.

O que são medicações on-label?

São os medicamentos aprovados oficialmente pela Anvisa para o tratamento da obesidade. Isso significa que passaram por estudos clínicos com segurança e eficácia comprovadas para essa finalidade.

Principais medicamentos on-label no Brasil:

1. Orlistate

  • Nome comercial: Xenical®, Lipiblock®, Lipoxen®, Orlipid®
  • Como funciona: Bloqueia parte da absorção de gordura dos alimentos no intestino.
  • Impacto no peso: Ajuda na redução de peso, especialmente quando associado à dieta com menor teor de gordura.
  • Contraindicações: Não deve ser usado em casos de má absorção crônica ou em pessoas com problemas na vesícula biliar.
  • Efeitos colaterais: Pode causar efeitos gastrointestinais como diarreia, flatulência com gordura, urgência fecal e desconforto abdominal — especialmente se a dieta tiver excesso de gordura.
  • Outras vantagens além da perda de peso:
    • Melhora o perfil lipídico (colesterol e triglicérides)
    • Pode ajudar a reduzir o risco cardiovascular

2. Sibutramina

  • Como funciona: Atua como inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina – ou seja, aumenta a concentração dessas substâncias no corpo, promovendo saciedade e diminuindo a fome.
  • Impacto no peso: Pode levar a perda de 5% a 10% do peso inicial.
  • Contraindicações:
    • Pessoas com histórico de doença cardiovascular (infarto, AVC, arritmia, hipertensão não controlada)
    • Distúrbios psiquiátricos graves
  • Efeitos colaterais:
    • Pode aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca
    • Insônia, boca seca, irritabilidade
  • Outras vantagens além da perda de peso:
    • Pode ajudar na redução da fome emocional em certos pacientes

3. Liraglutida (até 3,0 mg/dia)

  • Nome comercial: Saxenda® (obesidade) ou Victoza® (diabetes tipo 2) – No Brasil: Olire® (obesidade) ou Lirux® (diabetes tipo 2)
  • Como funciona: É um análogo do GLP-1, hormônio que regula o apetite. Atua no centro da saciedade no cérebro.
  • Impacto no peso: Pode levar à perda de até 8–10% do peso corporal em 1 ano.
  • Contraindicações:
    • História pessoal ou familiar de câncer medular de tireoide ou neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (MEN2)
    • Uso com cautela em pessoas com histórico de pancreatite
    • Gravidez e amamentação
  • Efeitos colaterais:
    • Náuseas (principalmente no início), constipação ou diarreia
    • Dor abdominal, refluxo e perda de apetite
  • Outras vantagens além da perda de peso:
    • Redução do risco de diabetes tipo 2 em pessoas com pré-diabetes
    • Melhora do controle glicêmico em pessoas com resistência à insulina

4. Semaglutida (até 2,4 mg/semana)

  • Nome comercial: Wegovy® (obesidade) ou Ozempic® (diabetes tipo 2)
  • Como funciona: Também é um análogo do GLP-1, com ação prolongada e maior potência na regulação da fome e saciedade.
  • Impacto no peso: Estudos mostram perda média de até 15% do peso corporal com uso regular.
  • Contraindicações: Semelhantes à liraglutida.
  • Efeitos colaterais:
    • Náuseas, vômitos, constipação
    • Dor abdominal, refluxo e perda de apetite
  • Outras vantagens além da perda de peso:
    • Redução significativa de eventos cardiovasculares em estudos com pacientes de alto risco
    • Melhora do perfil metabólico (glicemia, pressão arterial, lipídios)
    • Melhora da gordura no fígado
    • Melhora da apneia do sono

5. Bupropiona + Naltrexona

  • Nome comercial: Contrave®
  • Como funciona: Atua em dois mecanismos:
    • Bupropiona: regula dopamina e noradrenalina (humor e controle de apetite)
    • Naltrexona: bloqueia receptores envolvidos no prazer de comer e compulsão
  • Impacto no peso: Pode gerar perda de 5–10% do peso corporal com uso contínuo.
  • Contraindicações:
    • Histórico de convulsões
    • Uso atual de opioides ou síndrome de abstinência de álcool ou drogas
    • Transtornos alimentares como bulimia ou anorexia
    • Gravidez
  • Efeitos colaterais:
    • Náuseas, dor de cabeça, insônia, tontura
    • Pode causar aumento da pressão arterial
  • Outras vantagens além da perda de peso:
    • Ajuda no controle da compulsão alimentar
    • Pode ter efeitos positivos sobre o humor em pessoas com sobrepeso e depressão leve

6. Tirzepatida

  • Nome comercial: Mounjaro® (diabetes tipo 2) e Zepbound® (obesidade).
  • Como funciona: É um agonista duplo dos receptores de GLP-1 e GIP (dois hormônios intestinais que regulam apetite, saciedade e metabolismo da glicose). Isso faz com que tenha efeito mais potente na redução do apetite e melhora da sensibilidade à insulina.
  • Impacto no peso: Estudos mostram perda de até 20% do peso corporal, superior a outras medicações já aprovadas para obesidade.
  • Contraindicações:
    • História pessoal ou familiar de câncer medular de tireoide ou neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (MEN2)
    • Gravidez e amamentação
    • Uso com cautela em pessoas com histórico de pancreatite
  • Efeitos colaterais:
    • Náuseas, vômitos e diarreia (mais comuns no início do tratamento)
    • Constipação, dor abdominal
  • Outras vantagens além da perda de peso:
    • Melhora expressiva no controle da glicemia, já aprovada para tratamento de diabetes tipo 2
    • Redução da resistência insulínica
    • Impacto positivo em fatores de risco cardiovascular (pressão arterial, colesterol, gordura no fígado)

E os remédios off-label?

São medicamentos não aprovados oficialmente para tratar obesidade, mas que podem ser usados em situações específicas, com base na experiência clínica e nas evidências científicas disponíveis.

O uso off-label exige cautela, consentimento informado e acompanhamento rigoroso.

Exemplos de medicações off-label:

1. Topiramato

  • Nome comercial: Topamax®, Amato® (e genéricos)
  • Como funciona:
    É um anticonvulsivante que também atua na redução do apetite e da compulsão alimentar, interferindo nos neurotransmissores ligados à fome emocional. Também é usado para evitar crises de enxaqueca.
  • Impacto no peso:
    Pode promover uma perda de peso moderada, especialmente em pessoas com compulsão alimentar ou grande apetite noturno.
  • Contraindicações:
    • Gravidez: é teratogênico, ou seja, pode causar malformações fetais.
    • Deve ser usado com cautela em pessoas com histórico de cálculos renais.
    • Glaucoma.
  • Efeitos colaterais:
    • Sonolência, tontura, parestesias (formigamento nas mãos ou pés)
    • Turvação visual, alterações de humor ou concentração
    • Pode reduzir a eficácia de anticoncepcionais hormonais em doses altas
  • Outras vantagens além da perda de peso:
    • Controle de episódios de compulsão alimentar
    • Eficaz em algumas dores de cabeça e enxaquecas (uso complementar)

2. Sertralina e Fluoxetina

  • Nomes comerciais:
    • Sertralina: Zoloft®, Serenata®
    • Fluoxetina: Prozac®, Daforin®
  • Como funcionam:
    São antidepressivos da classe dos ISRS (inibidores seletivos da recaptação de serotonina), com impacto positivo em pacientes com transtornos alimentares, especialmente os relacionados à compulsão e ansiedade.
  • Impacto no peso:
    • Sertralina: tende a ser mais neutra em relação ao peso
    • Fluoxetina: pode causar perda de peso no início, mas em uso prolongado pode estar associada a ganho de peso
  • Contraindicações:
    • Uso com outros medicamentos serotoninérgicos (risco de síndrome serotoninérgica)
    • Casos graves de transtorno bipolar não tratado
  • Efeitos colaterais:
    • Náusea, insônia, alteração de libido, dor de cabeça
    • Podem afetar o apetite e o humor nas primeiras semanas
  • Outras vantagens além da perda de peso:
    • Tratamento de ansiedade, depressão e compulsão alimentar
    • Podem ajudar no controle da síndrome do comer noturno

Quais são os efeitos esperados do uso de medicamentos para obesidade?

  • Redução de 5 a 10% do peso corporal em 3 a 6 meses
  • Melhora da glicemia, colesterol e pressão arterial
  • Redução da gordura visceral
  • Aumento da disposição e qualidade de vida

Importante: Se não houver perda de pelo menos 5% do peso após 3 meses de uso adequado, a medicação deve ser reavaliada.

Existe risco no uso dessas medicações?

Sim, como qualquer tratamento, pode haver efeitos colaterais. Os efeitos colaterais são distintos em relação a cada medicação específica:

  • Náuseas e vômitos (GLP-1)
  • Alterações gastrointestinais (orlistate)
  • Insônia e aumento da pressão (sibutramina)
  • Cefaleia ou tontura (topiramato)

Por isso, o acompanhamento médico regular é essencial.

Estou grávida ou amamentando: qual remédio posso usar para perder peso?

Durante a gestação e a amamentação, nenhum dos medicamentos para tratamento da obesidade é seguro. Isso porque essas fases exigem nutrientes essenciais para o desenvolvimento do bebê, e qualquer remédio que interfira no apetite, absorção de nutrientes ou no metabolismo pode trazer riscos.

O tratamento da obesidade nesses períodos deve ser feito apenas com mudanças de hábitos de vida, como alimentação equilibrada, acompanhamento nutricional e prática de atividade física adaptada e segura. Em alguns casos, pode ser necessário o acompanhamento de uma equipe multiprofissional, incluindo endocrinologista, obstetra e nutricionista.

O médico recomendou perder peso antes de engravidar: o que posso fazer?

Quando o assunto é perda de peso antes da gestação, é importante entender que existem duas opções principais de tratamento, e a escolha deve ser feita junto ao médico:

  1. Iniciar medicação para obesidade junto com método contraceptivo
    • Nesse caso, a mulher adia a gestação por um período.
    • O uso do medicamento é feito em segurança, mas sempre associado a um método contraceptivo, pois essas medicações não podem ser usadas durante a gravidez.
    • Após atingir uma melhora no peso e no metabolismo, a medicação é suspensa e a paciente pode planejar engravidar.
  2. Iniciar mudanças no estilo de vida (MEV) sem medicação
    • Envolve ajuste alimentar, prática de exercícios e acompanhamento multiprofissional.
    • É a alternativa para quem deseja engravidar imediatamente ou não pode usar medicações.
    • Embora o processo possa ser mais lento, essa estratégia já traz benefícios para a saúde e reduz riscos durante a gestação.

Dúvidas frequentes

Posso comprar por conta própria na farmácia?

Não. Todos os medicamentos para obesidade exigem prescrição médica.

Usar remédio emagrece para sempre?

O medicamento ajuda a controlar o peso enquanto estiver em uso. Após a suspensão, o estilo de vida é que determina a manutenção do peso.

Remédio substitui exercício e dieta?

Nunca. Nenhum remédio funciona bem sozinho. O tripé alimentação, exercício e apoio psicológico é indispensável.

Qual remédio para obesidade é mais eficaz?

Depende do perfil do paciente. Além das médias de perda de peso dos estudos, também precisamos avaliar o perfil de fome do paciente, além das indicações e contraindicações.

Remédio para emagrecer é seguro?

Com indicação médica e acompanhamento, sim. Mas todo medicamento tem riscos que devem ser considerados.

Quanto tempo demora para fazer efeito?

Em geral, espera-se pelo menos 5% de perda de peso nos primeiros 3 meses de uso.

Pode usar dois remédios juntos?

Sim, em alguns casos, mas sempre sob orientação médica. Algumas combinações diferentes são possíveis.

Precisa fazer exames antes de começar o tratamento?

Sim. Avaliações laboratoriais e clínicas são fundamentais para escolher o melhor remédio e acompanhar a resposta.

Agende a sua consulta com uma médica especialista

O tratamento da obesidade vai muito além da força de vontade. Existem opções médicas seguras e eficazes, mas o uso de medicamentos deve ser sempre individualizado, com foco na saúde a longo prazo.

Se você tem obesidade ou dificuldade para controlar o peso, agende uma consulta comigo. Vamos entender a fundo o seu caso e avaliar qual é o melhor caminho — com ou sem medicação.

Nota: Este artigo foi escrito em uma linguagem simples e acessível para proporcionar uma leitura mais clara e agradável para quem não é da área da saúde. Também é importante lembrar que cada pessoa é única, e apenas uma consulta médica pode avaliar seu caso de forma individualizada e definir se há necessidade de exames, diagnósticos ou tratamentos específicos. Não substitua a avaliação de um profissional especializado.

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Referências:

Ministério da Saúde

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica

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