Dra. Camila Macêdo – Endocrinologista em São Paulo

Ultrassom da tireoide

Você fez um ultrassom da tireoide e viu o termo TIRADS no laudo? Fique tranquila — isso é uma classificação médica que ajuda a avaliar o risco de um nódulo ser maligno e a decidir se é necessário fazer outros exames, como a punção.

Neste artigo, vamos explicar de forma simples:

  • O que é TIRADS e por que ele é usado
  • O que significa cada categoria (de TIRADS 1 a 5)
  • Quando é necessário fazer punção do nódulo
  • O que aumenta ou diminui o risco de câncer
  • O que fazer após o resultado do ultrassom

Vamos lá?

Quem é a dra. Camila Macêdo?

Foto da Dra. Camila Macedo

A saúde da sua tireoide merece cuidado especializado — e é exatamente isso que a Dra. Camila oferece.

Médica endocrinologista formada pela UFRN, com residência em Endocrinologia e Metabologia pela USP e título de especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Dra. Camila une conhecimento científico a uma escuta atenta para cuidar de cada paciente de forma única.

Com mais de seis anos de experiência, também atua como preceptora (formando novos médicos) e pesquisadora (acompanhando o surgimento de novas terapias). Isso significa que você será atendido(a) por alguém que alia prática clínica, ensino e ciência em benefício da sua saúde.

Mas, acima de tudo, acredita que a verdadeira medicina vai além dos exames e receitas.

O resultado? Mais tranquilidade, controle e prevenção de doenças, hábitos saudáveis e qualidade de vida para que você possa:

  • Compreender a sua própria saúde
  • Estar presente nos momentos que importam
  • Sentir-se bem no seu corpo
  • Envelhecer com saúde e autonomia

Avaliações de pacientes:

O Que é a Classificação TIRADS?

TIRADS significa Thyroid Imaging Reporting and Data System — é um sistema padronizado de avaliação dos nódulos na tireoide por ultrassom.

Foi criado para ajudar os médicos a entender se aquele nódulo tem maior ou menor chance de ser um câncer, com base em características observadas nas imagens.

É semelhante ao BI-RADS da mamografia, mas aplicado à tireoide.

Como Funciona a Classificação TIRADS?

No ultrassom, o radiologista avalia vários aspectos do nódulo, como:

  • Forma (redonda, oval, mais alta que larga)
  • Margens (regulares ou irregulares)
  • Presença de calcificações
  • Ecogenicidade (hipoecoico, isoecoico, anecoico, hiperecoico)
  • Composição (sólido, cístico ou misto)

Cada característica recebe uma pontuação, e a soma total define a categoria TIRADS, que vai de 1 a 5.

Classificação TIRADS

O Que Significa Cada Categoria TIRADS?

  • TIRADS 1 – Nódulo benigno, sem risco
  • TIRADS 2 – Nódulo benigno, não suspeito
  • TIRADS 3 – Risco muito baixo (menos de 5%)
  • TIRADS 4 – Risco intermediário (5 a 20%)
  • TIRADS 5 – Alto risco de ser maligno (acima de 20%)

Quanto maior o TIRADS, maior a chance de o nódulo ser maligno — e maior a chance de o médico indicar uma punção.

Infográfico em português sobre a classificação TIRADS de nódulos da tireoide no ultrassom. Explica os níveis de risco de malignidade: TIRADS 1 e 2 benignos, TIRADS 3 risco muito baixo com acompanhamento se maior que 1,5 cm e biópsia se maior que 2,5 cm, TIRADS 4 risco intermediário com acompanhamento a partir de 1 cm e biópsia acima de 1,5 cm, e TIRADS 5 alto risco de câncer de tireoide, com acompanhamento a partir de 0,5 cm e biópsia acima de 1 cm.

TIRADS e a Indicação de Punção: Quando é Necessário?

A indicação da punção não depende só da classificação TIRADS, mas também do tamanho do nódulo.

Veja exemplos práticos:

  • TIRADS 3: só se for maior que 2,5 cm
  • TIRADS 4: indicado se for maior que 1,5 cm
  • TIRADS 5: indicado se for maior que 1 cm
  • Nódulos menores podem ser apenas acompanhados com novo ultrassom

Essa avaliação deve ser feita por um endocrinologista, que analisa o conjunto dos dados: sintomas, histórico, risco familiar, outros exames e achados clínicos.

TIRADS 4 ou 5: Preciso Me Preocupar?

Nem todo nódulo com TIRADS 4 ou 5 será câncer.

Essas categorias indicam que há características que merecem investigação mais detalhada, especialmente com punção aspirativa com agulha fina (PAAF) — um procedimento simples e seguro, feito em consultório.

A punção ajuda a definir se o nódulo é benigno ou se precisa ser retirado.

TIRADS e Risco de Câncer: Quais Fatores Contam?

Alguns fatores aumentam o risco de um nódulo ser maligno:

  • Histórico familiar de câncer de tireoide
  • Exposição prévia à radiação
  • Crescimento rápido do nódulo
  • Linfonodos aumentados no pescoço

Por isso, a avaliação médica completa é indispensável.

O Que Fazer Após o Ultrassom com TIRADS?

Se seu ultrassom trouxe um resultado com a classificação TIRADS, o próximo passo é conversar com um endocrinologista.

Ele vai:

  • Analisar seu laudo com atenção
  • Avaliar se há necessidade de punção
  • Explicar os riscos e próximos passos
  • Acompanhar periodicamente, se necessário

Muitos nódulos não precisam ser retirados ou tratados, apenas monitorados.

Classificação TIRADS é Confiável?

Sim. A classificação TIRADS é considerada uma ferramenta padrão internacional, validada por sociedades médicas e utilizada por radiologistas e endocrinologistas em todo o mundo.

Ela não substitui a consulta médica, mas ajuda a padronizar condutas, reduzir biópsias desnecessárias e identificar nódulos que realmente precisam de investigação.

Um Nódulo Pode Mudar a Classificação do TIRADS ao Longo do Tempo?

Sim. O TIRADS de um nódulo pode mudar com o tempo, especialmente se houver alterações nas suas características observadas no ultrassom.

Exemplos de mudanças possíveis:

  • Pode desenvolver calcificações ou margens irregulares, aumentando sua pontuação
  • O tamanho do nódulo também pode influenciar a indicação de punção

Por isso, o acompanhamento regular com ultrassonografias é essencial — especialmente para nódulos classificados como TIRADS 3 ou 4, que podem precisar de reavaliação periódica.

Bócio tireoidiano

O TIRADS é a única forma de avaliar um nódulo na tireoide?

Não. O TIRADS é uma ferramenta muito útil, mas não é a única forma de avaliar um nódulo na tireoide.

A avaliação completa deve incluir:

  • Exame clínico com endocrinologista
  • Histórico familiar e pessoal
  • Exames laboratoriais (como TSH)
  • Eventualmente, outros exames de imagem
  • E em alguns casos, a punção aspirativa (PAAF)

Além disso, outros sistemas de classificação, como a classificação ATA (Associação Americana de Tireoide) e a de Chammas e os sistemas citológicos (como Bethesda) também ajudam a compor o diagnóstico e orientar a conduta.

O que é a Classificação ATA (American Thyroid Association)?

Além do TIRADS, existe também a classificação da American Thyroid Association (ATA), utilizada mundialmente para avaliar o risco de malignidade dos nódulos da tireoide. Essa classificação também leva em conta as características do nódulo vistas no ultrassom, como formato, margens, presença de calcificações e padrão de ecogenicidade.

Enquanto o TIRADS utiliza uma pontuação baseada em critérios objetivos, a ATA organiza os nódulos em padrões ecográficos pré-definidosela deve ser avaliada por um endocrinologista. Muitas vezes, ambos os sistemas são usados em conjunto para aumentar a segurança no acompanhamento e no diagnóstico.

De acordo com essas características, o nódulo pode ser classificado como de baixo, intermediário ou alto risco. Essa estratificação ajuda o médico a decidir se há necessidade de punção (biópsia por agulha fina) ou apenas acompanhamento.

CaracterísticaTIRADSATA (American Thyroid Association)
Base de avaliaçãoSistema de pontuação que soma características do nódulo (forma, margens, ecogenicidade, calcificações etc.)Padrões ecográficos pré-definidos (muito suspeito, suspeito intermediário, baixo risco, muito baixo risco, benigno)
Classificação finalVai de TIRADS 1 a TIRADS 5, sendo o 5 o de maior riscoDefine se o nódulo é de alto, intermediário, baixo risco ou benigno
ObjetividadeMais padronizado e numérico, o que facilita reprodutibilidade entre médicosMais descritivo, depende da interpretação do radiologista e do endocrinologista
Uso clínicoMuito utilizado no Brasil e em sistemas que seguem recomendações da ACR (American College of Radiology)Amplamente usado em diretrizes internacionais da ATA
Decisão sobre punçãoBaseada no escore final + tamanho do nóduloBaseada no padrão ecográfico + tamanho do nódulo

O Que é a Classificação Chammas?

A classificação de Chammas é outra forma de analisar nódulos da tireoide, baseada no fluxo sanguíneo dentro do nódulo, usando o recurso de Doppler no ultrassom.

Ela classifica os nódulos de acordo com o tipo de vascularização observada:

  • Chammas I: sem vascularização
  • Chammas II: vascularização periférica
  • Chammas III: vascularização central e periférica
  • Chammas IV: vascularização predominantemente central

Quanto mais central for o fluxo de sangue (Chammas IV, por exemplo), maior a chance de malignidade. Por isso, essa classificação pode ser usada em conjunto com o TIRADS para refinar a avaliação do risco.

Quando Procurar um Endocrinologista?

Você deve procurar um especialista se:

  • Teve um ultrassom com TIRADS 3, 4 ou 5
  • Foi indicado a fazer uma punção e tem dúvidas
  • Já teve nódulo tireoidiano antes e quer acompanhar
  • Tem histórico familiar de câncer de tireoide
  • Está com sintomas como rouquidão, dificuldade para engolir ou aumento no pescoço

TIRADS Ajuda, Mas Só o Médico Pode Decidir

A classificação TIRADS é uma ferramenta útil para organizar as informações do ultrassom, mas não substitui a avaliação médica completa.

Com o acompanhamento adequado, é possível garantir tranquilidade, fazer os exames certos e evitar procedimentos desnecessários.

Se você recebeu um laudo com classificação TIRADS e está em dúvida sobre o que fazer, agende uma consulta comigo. Vamos revisar juntos seus exames, entender seu caso de forma individualizada e definir a melhor conduta para sua saúde.

Nota: Este artigo foi escrito em uma linguagem simples e acessível para proporcionar uma leitura mais clara e agradável para quem não é da área da saúde. Também é importante lembrar que cada pessoa é única, e apenas uma consulta médica pode avaliar seu caso de forma individualizada e definir se há necessidade de exames, diagnósticos ou tratamentos específicos. Não substitua a avaliação de um profissional especializado.

As imagens e gráficos são próprios ou podem ser encontrados nos sites Yandex ou Freepik.

Referências:

American College of Radiology

American Thyroid Association (ATA)

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